Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

domingo, 28 de agosto de 2016

Quando Setembro Vier: Primavera sem Dilma e sem PT, com Gina Lollobrigida e Sandra Dee

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O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff está chegando ao fim. Se tudo der certo, da noite da segunda para a madrugada da terça o Brasil se livra definitivamente da ditadura da corrupção do PT. Que Deus permita!, ninguém aguenta mais esse rame-rame, especialmente o discurso imbecil dos mortadelas dizendo que "é golpe", "é golpe", "é golpe"; enquanto todo dia se vê na TV que é o processo de impeachment mais legítimo do mundo; certinho, tudo direitinho, comandado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal. Tudo tão democrático, legal e bacaninha que um grupo de cineastas mortadelas tem licença para acompanhar de perto, pegando no pé dos senadores e de todo mundo, fazendo um filme com Dilma como protagonista. Essa foi uma ótima ideia dos mortadelas. Os coxinhas também deviam fazer um filme, com foco naquelas manifestações de milhões de brasileiros que foram às ruas contra a corrupção, contra o PT e pelo impeachment da Dilma. Entendam, essas foram as maiores manifestações políticas da nossa história. Material não falta, cenas exuberantes de ímpeto democrático e patriótico: "um rio verde e amarelo que passou em nossas vidas e nosso coração se deixou levar".

Acaba agosto, Dilma e o PT vão para o brejo; e eu vou rever a comédia romântica Quando Setembro Vier/"Come September", com Rock Hudson, Gina Lollobrigida, Bobby Darin e Sandra Dee. Aconselho, caros leitores e caríssimas leitoras, que façam o mesmo. É uma comédia deliciosa em uma Itália maravilhosa, embalada em lindas canções (a música-tema é inesquecível: ouviu, lembrou). Os galãs Rock e Bobby arrancaram suspiros de todos os corações femininos. As mulheres, então, a suave Sandra e a monumental Gina; meu Deus! A Sandrinha está muito bonitinha, encantadora. Mas a Gina, sai de baixo, está esplendorosa, estonteante, um avião, um boeing, um violino Stradivarius, uma fonte de maravilhas (uns críticos bestas diziam que ela era uma canastrona: "sabe de nada, inocente!").

Pois então é isto: na segunda-feira feira vamos ver a Dilma na TV e dar um "Tchau, Querida!". Depois vamos esperar setembro vendo Gina e Sandrinha no DVD. Salve a Primavera!

  

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Contra os extremismos, a "ideologia democrática do entusiasmo": segunda parte da réplica a José Octávio

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Continuando com suas ressalvas aos meus ensaios constantes no livro "Natureza e Excelência da Liberdade e da Democracia", José Octávio de Arruda Mello considera que eu, ao abandonar o "ultrasectarismo de esquerda", teria me encaminhado para "a outra extremidade". Não procede. Parece-me um extremo equívoco de leitura. Meus textos expressam, enfaticamente, o repúdio aos extremismos políticos. A outra extremidade do "ultrasectarismo de esquerda", entendo que seja o "ultrasectarismo" de direita. A linha política que sigo compõe um arco que vai do liberalismo clássico ao liberal-socialismo de Norberto Bobbio, passando pela social-democracia e pelo trabalhismo, doutrinas monotonamente moderadas, avessas aos extremismos. Aliás, no meu texto sobre Bobbio, cito seu enfático repúdio aos extremismos: "detesto os fanáticos com todas as minhas forças". Se não ficou suficientemente claro no texto analisado, que fique agora: eu sigo Bobbio na sua ojeriza pelo fanatismo ("ultrasectarismo"). E tanto o sigo que o tomo por protótipo da "ideologia" que professo; um meio termo virtuoso entre a indiferença e o fanatismo: a "ideologia democrática do entusiasmo".

José Octávio levanta uma divergência em relação à condenação que faço de Lênin, no meu entender o principal responsável pelo que chamei de "perdição totalitária do marxismo". J.O. entende que a desgraça totalitária que devastou a Rússia após a Revolução de 1917 (que J.O. chama, muito polidamente, de "contrafação") não se deve a Lênin, mas sim a Stálin. Eu continuo afirmando que o stalinismo foi uma consequência lógica do leninismo. Como no meu ensaio expliquei extensamente esse meu entendimento, aproveito para aconselhar que adquiram o livro, disponível na Livraria do Luiz e em O Sebo Cultural.

Em face das minhas críticas um tanto acerbas ao marxismo e ao sectarismo de esquerda, José Octávio alerta para "o risco de nos filiarmos às falácias do neo-liberalismo". Da minha parte não tem nenhum perigo, pois sou adepto do velho-liberalismo, aquele da Revolução Francesa - Liberté, Égalité, Fraternité -; avançando sempre, em uma Revolução Permanente, como brilhantemente exposto, no nosso referido livro, por Iremar Bronzeado, o Filósofo da Liberdade. Na mesma linha de preocupação, José Octávio considera que o marxismo não deve ser recusado em bloco, mas revisado. Eu concordo, e entendo que a mais substancial e acertada revisão do marxismo já foi feita. E foi feita antes mesmo da perdição totalitária do marxismo nas mãos dos bolchevista. Foi feita no fim do século XIX pelo marxista alemão Eduard Berstein, sendo esta revisão o primeiro fundamento intelectual da social-democracia. Os sociais-democratas foram denunciados por Lênin como traidores e renegados. Na Rússia, os marxistas sociais-democratas se tornaram conhecidos pela alcunha de mencheviques, enquanto os leninistas se tornaram conhecidos como bolcheviques. No início da Revolução, mencheviques e bolcheviques lutaram juntos contra o regime czarista. Quando os bolcheviques assumiram o poder, trataram de aniquilar os mencheviques; e não só os mencheviques, mas toda e qualquer oposição. Esse processo de aniquilamento começou ainda com Lênin no comando.

Enfim, vamos a esta indagação de José Octávio: "Para concluir, o que me pergunto é se, impressionado com o liberalismo de Bobbio, W.R. não percebeu a dimensão também socialista - e nesse caso esquerdizante de seu pensamento". Em parte, é pertinente a preocupação de J.O. Com efeito, não dei destaque à dimensão socialista de Bobbio, embora a tenha percebido e a tenha referido. Explico: comecei a ter maiores notícias de Norberto Bobbio no convívio acadêmico, no Mestrado de Filosofia da UFPB, onde o marxismo era dominante. Pelo que falavam professores e alguns colegas, fiquei com a impressão de que Bobbio fosse um tipo de "marxista pós-moderno". Assim, ao ler o livro "O Futuro da Democracia" fiquei de queixo caído, deveras espantado em descobrir que Norberto Bobbio era liberal até à medula dos ossos. Fiquei entusiasmado e recolhi tudo que pude comprar ou conseguir emprestado, compondo uma bibliografia razoável do jurisfilósofo italiano. Em estendidas leituras, confirmei minhas melhores expectativas, a ponto de colocar Bobbio entre minhas principais referências em filosofia política. Não deixei de perceber a dimensão socialista do seu pensamento, mas minha motivação para escrever o ensaio em questão foi mesmo destacar seu liberalismo. De tudo que li - e não foi pouco -, entendi que o socialismo de Bobbio subordina-se à sua concepção de democracia, que é radicalmente liberal,  enfatizando que que Estado Democrático e Estado Liberal são interdependentes; o que também pode ser dito da seguinte forma: sem liberalismo não há democracia e sem democracia não há liberalismo. Na perspectiva levantada por Bobbio, de primazia democrática, também eu sou muito simpático ao socialismo. Desde que caiba dentro da democracia, o socialismo será excelente coisa. A questão do socialismo é a questão da igualdade, que é um pressuposto da Democracia, tal como a liberdade também o é. Entendo que a maior estupidez dos séculos tem sido a tentativa dos bolchevistas em construir a igualdade com o sacrifício inicial da liberdade. Por tal caminho, em seguidas experiências, depois de assassinarem a liberdade, os marxistas-leninistas construíram apenas a igualdade da servidão e das covas. É isso que tento demonstrar no nosso livro. Portanto, insisto, vão à Livraria do Luiz ou ao O Sebo Cultural e comprem o livro (mesmo porque preciso de capital para editar outro livro).

Continua e finaliza no próximo post.
     

domingo, 21 de agosto de 2016

"Amor Fati": primeira parte da réplica a José Octávio de Arruda Mello no debate da Liberdade

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Como vocês, caros leitores e caríssimas leitoras, puderam ver em post anterior, José Octávio de Arruda Mello, na conclusão da análise a meus ensaios contidos no livro "Natureza e Excelência da Liberdade e da Democracia", afirma: "...os estudos de Washington sobre as Revoluções e Norberto Bobbio são da melhor qualidade, impondo discussão crítica". Nenhum outro elogio poderia me deixar mais feliz. Como a discussão é crítica, o brilhante intelectual e eminente historiador faz também ressalvas; às quais começo a responder.

De início, José Octávio considera: "algo arrependido da antiga militância ultraesquerdista, o irmão de Gelza Rocha parece aproximar-se, por vezes, do anticomunismo". E cita a passagem do meu texto em que digo que  a "filosofia da práxis" já deveria estar "morta e enterrada".

Pois bem; anticomunismo no sentido de alguma perseguição a comunistas considero que seja algo detestável. Pelo contrário, entendo que seja salutar para a democracia o debate entre liberais e comunistas. Na Itália e no Brasil, por exemplo, esse diálogo resultou em os comunistas do PCI e PCB, respectivamente, abandonarem o comunismo para recair (aqui uso a elegante expressão de José Octávio) numa linha de esquerda democrática. Também o comunismo como ideal de emancipação definitiva de toda a humanidade, plena igualdade e perfeita fraternidade - o paraíso terrestre -, eu acho lindo e maravilhoso. Porém, o comunismo como política prática, aquela que foi implantada pelos revolucionários marxistas no século XX, aqueles regimes de servidão e morte, o comunismo real resultante da "filosofia da práxis"; esse comunismo eu abomino.

Quanto a arrepender-me da minha antiga militância ultraesquerdista, não me arrependo. Antes a resguardo no coração, por aquela fórmula de Nietzsche: "Amor Fati", que aqui transcrevo:

"Minha fórmula para a grandeza no homem é amor-fati: não querer nada de outro modo, nem para diante nem para trás, nem em toda eternidade. Não meramente suportar o necessário, e menos ainda dissimulá-lo – todo idealismo é mendacidade diante do necessário -, mas amá-lo” – Nietzsche, Ecce Homo.

Essa fórmula, célebre na grandiloquente expressão nietzschiana, já estava nos antigos, nos estoicos. E é possível entender que foi interiorizada e vivida por Jesus Cristo. É preciso amar o destino e amar o que passou, porque o que somos é a soma de tudo que já fomos e tudo que ainda seremos. Portanto: AMOR FATI.

Feita essa digressão, voltemos à "filosofia da práxis", que é o nome dado à doutrina política marxista pelo comunista italiano Antonio Gramsci. Tendo a "filosofia da práxis" se comprovado nefasta, resultando em servidão e genocídio, tendo caído de podre o império totalitário do comunismo soviético, estando os regimes comunistas restantes - com exceção da Coreia do Norte - recuando do receituário marxista; entendo que tal doutrina já deveria ter sido, metaforicamente, "morta e enterrada", assim como foi feito com a doutrina nazifascista, hoje cultivada apenas por grupos muito minoritários de fanáticos e mentecaptos. Que essas doutrinas vivam nas livrarias dos museus, expostas à curiosidade dos estudiosos de coisas velhas e acabadas. E daqui vou a outra digressão literária, uma passagem do estupendo poema de Edgar Allan Poe, "O Corvo", na esplêndida tradução de Machado de Assis:

"Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais.".


Em um futuro que espero não muito distante, quando o marxismo for uma velha doutrina morta, poderá, talvez, ser lida ou relida com carinho e nostalgia. Hoje, zumbis neomarxistas ficam o tempo todo batendo devagarinho em nossa porta, querendo espaço para aporrinhar, como o corvo chato do poema de Allan Poe. A diferença é que o corvo falava uma só frase, e os neomarxistas falam uma quantidade tão extensa de cretinices que nem Karl Marx e Friedrich Engels suportariam.

Continua no próximo post.

   



sábado, 20 de agosto de 2016

As lições de Norberto Bobbio

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Eis aí o texto do historiador José Octávio de Arruda Mello sobre o ensaio "As lições de Norberto Bobbio", que conclui a sua análise crítica dos meus dois ensaios publicados no livro "Natureza e Excelência da Liberdade e da Democracia". No próximo post, a minha réplica.




DE LA BOÉTIE A NORBERTO BOBBIO EM WASHINGTON ROCHA (II)
José Octávio de Arruda Mello (*)
(*) Historiador de ofício, como professor aposentado da UFPB e titular de História do Direito do UNIPÊ. Autor de História da Paraíba – Lutas e Resistência (13ª ed., 2014) e A Revolução Estatizada – Um Estudo sobre a Formação do Centralismo em 30 (3ª ed., 2016).

                Depois das considerações vertidas sôbre o primeiro ensaio de Washington Rocha – “Revoluções para trás” (...) de Natureza e Excelência da Liberdade e da Democracia (2016) – sinto-me tentado a analisar o segundo de seus estudos – “Ideal democrático e ‘rude matéria’: as lições de Norberto Bobbio”.
            Creio que depois de Tarcísio Burity, possuidor de dicionário do genial pensador italiano, foi o Grupo José Honório quem, na Paraíba, mais valorizou a Norberto Bobbio.
            Este ainda se encontrava vivo quando, em 2004, pusemo-nos eu e Eilzo Matos a desenvolver “O Circuito de Bobbio” que consistiu em, durante três dias, difundir seu pensamento junto às Faculdades de Direito de Souza, Patos, Campina Grande e João Pessoa, em algumas das quais eu lecionava.
            Para tanto, valemo-nos de estudo de Eilzo – Socialismo Liberal – Anotações sôbre o Pensamento Político de Norberto Bobbio (mimeo, 2004) – onde Bobbio se aproxima de John Rawls, com vistas à criação de uma sociedade socialista, nos limetes do Estado moderno.
            Nossa experiência pedagógico-filosófica foi por mim incorporada, em 2008, ao manual História do Direito e da Política (2008), editado pela Linha D’Agua. Nele, após considerar os epígonos da Filosofia do Direito dos anos vinte – Pitirim A. Sorokin, Mirkine Guetzevitch e Harold/Laski – debrucei-me sôbre os pensadores modernos capazes de fundir Filosofia do Direito, Política e História.
            Ao lado de Antônio Gramsci, Ralph Dahdhendorf, Michel Foucault e Hannah Arendt, vários dos quais citados por Washington Rocha, um deles é Norberto Bobbio. Deste recorremos a entrevista de páginas amarelas de Veja, de 7 de novembro de 1949, onde o pensador peninsular assim se pronuncia:
            “Sou um liberal que se defronta com a injustiça da sociedade capitalista e por isso chega ao socialismo. Não excluo a possibilidade de um encontro entre as duas idéias. Sou laico e acredito que a política não admite dogmas. O que vale é o espírito crítico. E não acredito que os comunistas tenham dado todos os passos necessários para evoluirem de certo dogmatismo rumo ao espírito crítico”.
            Bingo para o antigo aluno do Liceu. Isso porque, consoante Washington, “Bobbio enfrentou as críticas à democracia advindas da esquerda marxista durante um debate de décadas; sendo que as fórmulas por ele apresentadas caminharam no sentido da possibilidade de realização das promessas do socialismo com os instrumentos e nos limites da democracia”.
            Em “Ideal Democrático e Rude Matéria”, seu autor não fica nisso. Considerando a seu objeto como “um democrata de esquerda, defensor do liberal-socialismo”, Washington abre-se para a seguinte postura bobbiana:
            “(...) Disto segue que o Estado liberal é o pressuposto não só histórico mas jurídico do Estado democrático. Estado democrático e Estado liberal são interdependentes em dois modos: na direção que vai do liberalismo à democracia, no sentido de que são necessárias certas liberdades para o exercício correto do poder democrático, e na direção oposta que vai da democracia ao liberalismo, no sentido de que é necessário o poder democrático para garantir a existência e a persistência das liberdades fundamentais”.
            Com base nesses pressupostos, Washington Rocha conceitua sempre corretamente a Norberto Bobbio. Afastando-o da teoria das elites de Mosca e Paretto, seu intérprete conceitua-o como democrata, conforme bobbio:
            “Mas a renúncia ao uso da violência para conquistar e exercer o poder é a característica do método democrático cujas regras constitutivas prescrevem vários procedimentos para a tomada de decisões coletivas por meio de livre debate, que pode dar origem ou a uma decisão acordada ou a uma decisão tomada pela maioria. Prova disso é que, num sistema democrático, a alternância entre governos de direita e esquerda é possível e legítima”.
            Não são poucas as novidades da exegese de Bobbio por Washington Rocha. Uma delas sua vinculação a Thomas Hobbes porque “(...) otimista ou pessimista. A rigor é realista. O otimismo está na intenção, na esperança  e na perseverança; o pessimismo, na constatação das limitações humanas ou dos pendores destrutivos da natureza humana”.
            Outra, contida às páginas 142/3 é a maneira como o entusiasmo de Bobbio, nesse ponto equivalente ao de Washington, repudia o fanatismo da extrema esquerda e a indiferença da Direita para recair no entusiasmo como ingrediente da democracia:
            “Norberto Bobbio poderá ser tomado como protótipo de cidadão arrebatado pela ‘ideologia democrática do entusiasmo’: durante toda a sua vida de intensos embates políticos, manteve-se distante tanto da indiferença quanto do fanatismo”.
            Para concluir, o que me pergunto é se, impressionado com o liberalismo de Bobbio, W.R. não percebeu a dimensão também socialista – e nesse caso esquerdizante de seu pensamento.
            Esse é o ponto para o qual o saudoso Nelson Saldanha me chamava a atenção. Quando, de certa feita, telefonei para o jurisfilósofo pernambucano, este me advertiu:
            – Não se esqueça de que Bobbio é socialista!
            É o que ora passo a Washington Rocha. É necessário que a crítica ao sectarismo de esquerda não fique no liberalismo formal e recaia no socialismo (democrático), sem o que corremos o risco de nos filiarmos às falácias do neo-liberalismo. É onde sustento que o marxismo não deve ser recusado em bloco, mas revisado.
            Fora daí, os estudos de Washington sôbre as Revoluções e Norberto Bobio são da melhor qualidade, impondo discussão crítica. O primeiro é contra: o sectarismo, “o neomarxismo zumbi”, o estreitismo bolchevique, a revolução proletária, a monstruosidade chavista, o despotismo da maioria de Rousseau.
            Já o segundo é a favor. Da democracia shumpeteriana, fundada no planejamento. Das teses de O Federalista de Madison. Das utopias de Martin Luther King. Da sociedade aberta de Henri Bergson e Karl Popper. Das linhas gerais do discurso de Péricles.
            Em ambos os casos, vislumbra-se a marca de um dos mais argutos cientistas sociais paraibanos de nossos dias. 

 


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"Revoluções para trás": ensaio de Washington Rocha analisado pelo historiador José Octávio de Arruda Mello

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Meus ensaios constantes do livro "Natureza e Excelência da Liberdade e da Democracia" mereceram análise crítica do Professor José Octávio de Arruda Mello, um dos mais importantes historiadores do Brasil. O ilustre e combativo intelectual, um dos mais atuantes no debate das ideias, especialmente no campo da política, faz algumas ressalvas aos meus escritos. Com algumas chego a concordar, mas com ressalvas. As minhas ressalvas das ressalvas serão apresentadas, mas não agora. Agora apresento a primeira análise de José Octávio, sobre o ensaio "Revoluções para trás", que foca as revoluções marxistas do século XX tendo como fonte de inspiração o "Discurso da Servidão Voluntária", de Étienne de La Boétie, escrito no século XVI. No próximo post, publicarei a análise de José Octávio sobre o ensaio "Ideal democrático e 'rude matéria': as lições de Norberto Bobbio". Depois, então, farei minha minha réplica. A crítica do ilustre historiador me honra e me anima para o debate.




DE LA BOÉTIE A NORBERTO BOBBIO EM WASHINGTON ROCHA
José Octávio de Arruda Mello (*)
(*) Historiador de ofício, como professor aposentado da UFPB e titular de História do Direito do UNIPÊ. Autor de História da Paraíba – Lutas e Resistência (13ª ed., 2014) e A Revolução Estatizada – Um Estudo sôbre a Formação do Centralismo em 30 (3ª ed., 2016).

            Leio com satisfação – embora sem concordar inteiramente com o autor – os ensaios de Washington Rocha preparados para a coletânea Natureza e Excelência da Liberdade e da Democracia, da Editora Ideia, em 2016.
            Servido por bibliografia que muito o recomenda, Washington foi meu aluno no Liceu do tumultuário ano de 1968. Mais anarquista que marxista – e não por acaso Proudhon aparece em seus insights – abdicou daqueles postulados em busca de visão social menos engajada, o que explica o segundo ensaio sôbre o transcendental politicólogo Norberto Bobbio.
            Este, como se sabe, faleceu em 2008, como um dos maiores pensadores do planeta. Segundo Washington, “Bobbio, que era declaradamente um político de esquerda, foi, em geral, contudente na sua crítica à esquerda autoritária”.
            A colocação ajusta-se à pretensão de Washington em proceder a uma crítica, de dentro da própria esquerda. Tal somente não se configura mais inteiramente porque, ao renunciar à sinistra, Washington não parece se ter encaminhado para variante modernista desta – a new left, por exemplo – como o italiano Bobbio, ou, mais remotamente, o alemão Eduard Bernstein, aos quais tanto admira.
            Algo arrependido da antiga militância ultraesquerdista, o irmão da competente geógrafa Gelza Rocha parece aproximar-se, por vezes, do anticomunismo o que chega a toldar sua extraordinária agudeza. Como nessa passagem do primeiro ensaio:
            “Por isso mesmo, damos atenção ao fato de que a ‘filosofia da práxis’ continue grandemente prestigiada, embora já devesse estar morta e enterrada”.
            Nisso as nossas diferenças. Ao tempo em que Washington afinava com o ultrasectarismo da esquerda, eu ancorava na centro-esquerda de João Mangabeira e Aneurin Bevan. Hoje, quando Washington se encaminha para a outra extremidade, continuo no mesmo lugar, o que explica minha afeição por Fernando Henrique Cardoso sobre o qual possuo livro sem pressa alguma de publicar.
            Uma de nossas outras divergências reside na experiência soviética. Para Washington, que dela se ocupa em “Revoluções para trás”, suas desfigurações já residem em Lenine, empenhado em fender as cabeças, de meio a meio.
            Quanto a mim, sigo a Hobsbawn, não o de Ecos da Marselheza, que não conheço, mas o de A Era dos Extremos que considero uma das mais instigantes criações da moderna Historiografia.
            A contrafação soviética proveio não tanto de Lenine, partidário do Estado comuna, inspirado na Comuna de Paris, de 1871, onde a autoridade se exercia por votação, mas do estalismo. Este é que, eliminando os sovietes e a velha guarda bolchevique, tanto concentrou o poder – que para Lenine seria federado – que a URSS terminou sucedânea do velho Império tzarista. Ou, como o situei em Mundo Hoje (1971): “na grande batalha invisível do século, a Rússia venceu a União Soviética”.
            Fora daí, todavia, “Revoluções para trás”, de Washington Alves da Rocha, possue passagens luminosas.
            Ele enxerga, corretamente, o viés iluminista do marxismo e a associação entre jacobinos e bolcheviques. A projeção totalitária da vontade geral de Rousseau, indutora do despotismo das massas e a grandeza doutrinária e revolucionária de Trotsky, comparado a Danton. W.R. também condena, com sabedoria, os malefícios do milenarismo proletário e o “charlatanismo político” do chavismo bolivariano, grotescamente autointitulado “socialismo do século XXI” e glorificado pelo PT, numa das mais ignóbeis construções deste partido político.
            Sensível à validade do marxismo revisionista dos alemães Karl Kautsky e Eduard Bernstein, o que mais me agrada em Washington Rocha é esse realce do francês Étienne de La Boétie com seu Discurso da Servidão Voluntária (1571).
            Explico melhor: essa valorização de autores anteriores a Hobsbawn e Bobbio, hoje equivale a um truismo. WR, porém, foi mais longe: recorreu a desconhecido autor do século XVI para fundamento de suas colocações.
            Nisso procedeu como Benedetto Croce e José Honório Rodrigues: a História é o Presente!

 


 

domingo, 14 de agosto de 2016

Carta aos Brasileiros: a Presidenta, diretamentemente do Palácio - com assessoramento e revisão de Odorico Paraguaçu

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Meu Povo e minha Pova! Primeiramentemente e antesmente de tudo, devo dizer que sou uma presidenta inocenta, vítima de uma tentativa de golpe, perseguida pelas elites capitalistas, burguesistas, direitistas e reacionaristas. Perseguida pela oposição maldosista e pela imprensa marronzista. Sou inocenta. Não sei de nada, nadica de nada. Não sei e tenho raiva de quem sabe. Aliasmente, ando com raiva de tudo, principalmentemente dos coxinhas: ô gente chata! Ultimamentemente, até alguns amigos mortadelas estão me desgostando com deceptudes, pois ficam me contrariando e botando amendoim no vatapá da oposição. O Rui Falcão, por mau exemplo, disse que minha ideia genial e fulgurante de um plebiscito plebiscitário para convocar nova eleição de sufragamento presidencial é um ideia de jerico. Magoou. Quando eu voltar, ele me paga. O Lula, coitado, de tanto esmorecimento e tristonhice, parece mais um volume morto, e não ajuda em nada. Ele tem um medo danado do Sergio Moro, mas quando eu novamentemente voltar de novo vou esconder o Lula debaixo da saia: "Mexeu com Lula, mexeu comigo!". E quem mexe comigo, mexe com o mundo. Falo pro meu Povo e pra minha Pova: as elite branca dos olho azul não vão me derrubar. Não vai ter golpe! Perdemos a penúltima votação do impichi por 59 a 21. Foi uma surra de lascar. Mas estou já em confabulância ultrassigilenta com uma dúzia de senadores do Senado e vamos virar o placar. Peço aos militantes militosos da militância mortadelista que não arredem pé nem mão, não fujam capiongos  e macambúzios com o rabo entre as pernas.  Se nós perde na caçada, nós pode ganhar na pescaria. Como ensina os professor do MEC: "nós pega o peixe". No caso, o peixe é cada senador que nós ganha pra votar contra o impiche (três já está no papo; os outro que falta, tão balançando e nós vai ganhar). Não apenasmente estou confiante no meu retornamento voltativo para a Presidência Presidencial com Poder Total, como estou trabalhando diuturnamente, noturnamente e madrugadamente na composição do meu novo ministério renovado com ministros novinhos em folha (não é em folha de coca, se bem que meu amigo Evo quisesse que fosse). Um deles - ia guardar essa surpresa surpreendente, mas não pude arresistir (como naquela música do Coroné Antônio Bento, do Tim Maia: "Todo mundo que mora por ali / Nesse dia não pôde arresitir / Quando ouvia o toque do piano / Rebolava, saía requebrando") -; um dos novos ministros do meu novo governo recauchutado e anabolizado, ia dizendo, será o Odorico Paraguaçu, ex-prefeito de Sucupira e hoje um progressista democratista de inserção mundial e planetária, que já está me assessorando em um tudo. Os coxinhas golpistas vão cair do cavalo com o sucesso sensacional do nosso governo retornativo, mormentemente com o incrementamento da economia. Devo adiantar que eu e meu assessor, futuro ministro plenipotenciário Odorico Paraguaçu, já estamos concretando os considerandos de um grande contrato de exportação de vento estocado para a China. Vai ser um volume tão volumoso de vento exportado que se a gente não tiver cuidado pode até faltar vento no Brasil. Pode faltar vento, mas não me faltarão divisas e moedas fortes para o desenvolvimento brasílico pindorâmico. E não vamos exportar somentemente vento estocado, mas também muita mandioca, acarajé, açaí, açaqui e açacolá. A luta continua! Vamos vencer os carcarás sanguinolentos do golpismo traiçoento. E não estamos sozinhos e solitários, mas bem apetrechados de apoiamentos mundiais do mundo todo. Eu, o PT e outros e outras mortadelas já recorremos contra o impichi em vários esferamentos nacionais, internacionais, bilaterais, multilaterais, frontais e occipitais. Recorremos à OEA, à ONU, à Unasul, à Crefisul, às Organizações Tabajara, à Serasa, à Liga da Justiça e ao Conselho Jedi. Sou uma presidenta inocenta, proba e pobre de marré deci: não tenho um pau pra dar numa cachorra. E mesmo se tivesse o pau não daria na cachorra, pois sou defensora dos animais. Lembro que sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás. Então, pode ser também uma cachorra, e você não vai pegar um pau pra dar na cachorra atrás da criança. Mas vamos deixar os entretantos e partir pros finalmentes: vou voltar nos braços dos mortadelas, vou dar uma banana pros coxinhas, vou governar até o fim do meu mandato mandatório e em 2018 vou lançar meu amigo Odorico Paraguaçu candidato a Presidente da República. Lula também quer ser candidato, mas Lula está muito borocochô, enquanto o Odorico está na ponta dos cascos, depois de um tratamento rejuvenescedor que fez lá nos Estados Unidos, na mesma clínica que faz o rejuvenescimento do Sílvio Santos. E vai fazer o meu, pois em 2022 voltarei novamentemente mais uma vez de novo como candidata a Presidenta do meu Brasil varonil e feminil. Voltarei rejuvenescida, remoçada, recauchutada, reflorescida e, principalmentemente, mais bonita do que a Marcela Temer.

Até Breve, Mortadelas Queridas! Tchau, Coxinhas!

sábado, 13 de agosto de 2016

"Carta aos Brasileiros" de Dilma Rousseff lança candidatura de Odorico Paraguaçu a Presidente, vaza e causa alvoroço

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Odorico Paraguaçu está hospedado em um hotel da orla de João Pessoa. Hoje, sábado 13/08, conversou com amigos sobre a "Carta aos Brasileiros", da Dilma Rousseff, que vazou na internet e esta causando verdadeira comoção nacional, com repercussão internacional. Na Carta, como o mundo já começou a saber, Dilma se diz "vítima de uma tentativa de golpe", afirma que voltará à Presidência e lança Odorico Paraguaçu candidato a Presidente da República em 2018. Ele nos contou que esteve com a presidente afastada e com ela redigiu a "Carta aos Brasileiros", para ser divulgada oficialmente hoje, mas só lá pelo início da noite, a tempo de ser divulgada no Jornal Nacional. Com o vazamento, Odorico resolveu contar a história e não pediu segredo. Também ninguém tem mais dúvida de que foi o próprio Odorico que vazou o conteúdo da Carta, igual àquela mensagem de voz do Michel Temer, que "vazou" tão oportunamente. Reproduzo aqui a explicação que nos deu Odorico e, em seguida, a dita Carta, que, aliás, é o assunto do momento nas redes sociais em todo o planeta, superando até mesmo as menções às Olimpíadas do Rio de Janeiro.

- A minha amiga presidenta me pediu assessoramento ajudatício no redacionamento escriturário da "Carta aos Brasileiros" porque o marqueteiro acarajento João Santana está em estado proibitivo de impedimento compulsório e os mortadelas lá do Palácio da Alvorada somentemente brigam. O Jaquivague quer de um jeito, o Mercadante quer contrariamentemente o contrário. O Rui Falcão não quer o plebiscitamento eleitoreiro de nova eleição presidentista. O Lula não está nem aí e está completamentemente desanimado e desmilinguido, num entristecimento de dar dó. Uns dizem que é pra botar o golpe, outros dizem que é pra tirar o golpe. É um teretetê danado, ficam só nos entretantos e ninguém chega aos finalmentes. Foi por isso que a Dilma me chamou ao Alvorada, onde cheguei aflitivamentemente atônito, ontem, sexta-feira, no fim da tarde, pelo crepúsculo vermelho do sol cadente. Trabalhamos muito noite adentro e afora, finalmentemente, pelas altas madrugadas, concluímos os desfechos terminatórios conclusivos e finais. Ficou uma beleza, uma coisa inovadorística e revolucionatória. Como os amigos sabem, este Odorico Paraguaçu que vos fala, a Dilma Rousseff e o João Guimarães Rosa levamos a criatividade criativa da língua de Camões a mares nunca dantes navegados, terras nunca dantes andarilhadas e ares nunca dantes avoados. E aqui eu me alembro do meu amigo João do Vale: "...eu assubo nos ares, vou brincar no vento leste". Eita cabra bom, outro gênio da raça. Mas deixemos os pratrasmentes das saudades. O certo é que eu tenho medo de que a presidenta sofra pressionamento regulatório, seja encarcada pelos mortadelas vacilosos e deixe de publicar nossa Carta tão explosivamentemente dinamitosa e trepidante. Seria uma pena deixar tão bela peça sociológica e politicológica, uma obra-prima primorosa da psicologia comunicatívica das massas, morrer anonimamentemente no oblívio dos esquecimentos.

Essas últimas palavras do Odorico dão a certeza de que foi ele mesmo quem vazou o conteúdo da Carta. Agora, não tem mais jeito, o mundo todo já está tomando conhecimento. Se vai ajudar ou não a Dilma, isso eu não sei. Vocês, caros leitores e leitoras, que julguem. Eis aí a tão esperada e tantas vezes adiada "Carta aos Brasileiros":


CARTA A TODOS E TODAS BRASILEIROS E BRASILEIRAS


Meu Povo e minha Pova! Primeiramentemente e antesmente de tudo, devo dizer que sou uma presidenta inocenta, vítima de uma tentativa de golpe, perseguida pelas elites capitalistas, burguesistas, direitistas e reacionaristas. Perseguida pela oposição maldosista e pela imprensa marronzista. Sou inocenta. Não sei de nada, nadica de nada. Não sei e tenho raiva de quem sabe. Aliasmente, ando com raiva de tudo, principalmentemente dos coxinhas: ô gente chata! Ultimamentemente, até alguns amigos mortadelas estão me desgostando com deceptudes, pois ficam me contrariando e botando amendoim no vatapá da oposição. O Rui Falcão, por mau exemplo, disse que minha ideia genial e fulgurante de um plebiscito plebiscitário para convocar nova eleição de sufragamento presidencial é um ideia de jerico. Magoou. Quando eu voltar, ele me paga. O Lula, coitado, de tanto esmorecimento e tristonhice, parece mais um volume morto, e não ajuda em nada. Ele tem um medo danado do Sergio Moro, mas quando eu novamentemente voltar de novo vou esconder o Lula debaixo da saia: "Mexeu com Lula, mexeu comigo!". E quem mexe comigo, mexe com o mundo. Falo pro meu Povo e pra minha Pova: as elite branca dos olho azul não vão me derrubar. Não vai ter golpe! Perdemos a penúltima votação do impichi por 59 a 21. Foi uma surra de lascar. Mas estou já em confabulância ultrassigilenta com uma dúzia de senadores do Senado e vamos virar o placar. Peço aos militantes militosos da militância mortadelista que não arredem pé nem mão, não fujam capiongos  e macambúzios com o rabo entre as pernas.  Se nós perde na caçada, nós pode ganhar na pescaria. Como diz os professor do MEC: "nós pega o peixe". No caso, o peixe é cada senador que nós ganha pra votar contra o impiche (três já está no papo; os outro que falta, tão balançando e nós vai ganhar). Não apenasmente estou confiante no meu retornamento voltativo para a Presidência Presidencial com Poder Total, como estou trabalhando diuturnamente, noturnamente e madrugadamente na composição do meu novo ministério renovado com ministros novinhos em folha (não é em folha de coca, se bem que meu amigo Evo quisesse que fosse). Um deles - ia guardar essa surpresa surpreendente, mas não pude arresistir (como naquela música do Coronel Antônio Bento, do Tim Maia: "... quando ouvia o toque do piano, rebolava, saía requebrando") -; um dos novos ministros do meu novo governo recauchutado e anabolizado, ia dizendo, será o Odorico Paraguaçu, ex-prefeito de Sucupira e hoje um progressista democratista de inserção mundial e planetária, que já está me assessorando em um tudo. Os coxinhas golpistas vão cair do cavalo com o sucesso sensacional do nosso governo retornativo, mormentemente com o incrementamento da economia. Devo adiantar que eu e e meu assessor, futuro ministro plenipotenciário Odorico Paraguaçu, já estamos concretando os considerandos de um grande contrato de exportação de vento estocado para a China. Vai ser um volume tão volumoso de vento exportado que se a gente não tiver cuidado pode até faltar vento no Brasil. Pode faltar vento, mas não me faltarão divisas e moedas fortes para o desenvolvimento brasílico pindorâmico. E não vamos exportar somentemente vento estocado, mas também muita mandioca, acarajé, açaí, açaqui e açacolá. A luta continua! Vamos vencer os carcarás sanguinolentos do golpismo traiçoento. E não estamos sozinhos e solitários, mas bem apetrechados de apoiamentos mundiais do mundo todo. Eu, o PT e outros e outras mortadelas já recorremos contra o impichi em vários esferamentos nacionais, internacionais, bilaterais, multilaterais, frontais e occipitais. Recorremos à OEA, à ONU, à Unasul, à Crefisul, às Organizações Tabajara, à Serasa, à Liga da Justiça e ao Conselho Jedi. Sou uma presidenta inocenta, proba e pobre de marré deci: não tenho um pau pra dar numa cachorra. E mesmo se tivesse o pau não daria na cachorra, pois sou defensora dos animais. Lembro que sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás. Então, pode ser também uma cachorra, e você não vai pegar um pau pra dar na cachorra atrás da criança. Mas vamos deixar os entretantos e partir pros finalmentes: vou voltar nos braços dos mortadelas, vou dar uma banana pros coxinhas, vou governar até o fim do meu mandato mandatório e em 2018 vou lançar meu amigo Odorico Paraguaçu candidato a Presidente da República. Lula também quer ser candidato, mas Lula está muito borocochô, enquanto o Odorico está na ponta dos cascos, depois de um tratamento rejuvenescedor que fez lá nos Estados Unidos, na mesma clínica que faz o rejuvenescimento do Sílvio Santos. E vai fazer o meu, pois em 2022 voltarei novamentemente mais uma vez de novo como candidata a Presidenta do meu Brasil varonil e feminil. Voltarei rejuvenescida, remoçada, recauchutada, reflorescida e, principalmentemente, mais bonita do que a Marcela Temer.

Até Breve, Mortadelas Queridas! Tchau, Coxinhas!