Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

segunda-feira, 31 de março de 2014

"VENHA O TEU REINO": comentário de Fernando Carvalho sobre textos de Iremar Bronzeado e Catarina Rochamonte

Esta importante apreciação de Fernando Carvalho sobre textos dos filósofos Iremar  Bronzeado e Catarina Rochamonte, publicados no penúltimo post, tem o defeito de não ter sido feita na área de comentários do Blog; foi enviada ao meu e-mail pessoal. Porém, me deu azo para usá-la nesta postagem, adiantando a prometida agilidade na atualização do Blog. Vejam e comentem.

Agora comentando:
Sobre os textos lúcidos e competentes de Iremar e Catarina:
Chamou-me atenção a frase: " 

 "...Ou seja, não adianta ter a melhor das boas vontades se não se encontra o caminho correto e seguro para por em prática as utopias e objetivos de que ela se alimenta. Um caminho errado pode estragar tudo, e, em vez do topo da montanha, levar o caminhante a se despedaçar nos íngremes penhascos de um tenebroso abismo..."

Noto que o autor quebra na espinha o cinismo maquiavélico destes fascistas esquerdistas que argumentam que vale tudo para se conseguir 'justiça social'. 

No texto de Catarina a frase: 

Ligar Deus ao conceito sem atinar para a concordância efetiva entre Deus e fé, sem atinar para a transcendência absoluta de Deus em relação à lógica é sinalizar conflitos e abastecer corretas inclinações sem corretas possibilidades.

Muitos que no passado e ainda hoje destroem vidas humanas em nome de um 'ideal qualquer' como por exemplo na Venezuela, afirmaram e afirmam estar agindo com a concordância divina. Nada mais longe da realidade, afinal o próprio 'lo-gós' a que Catarina se refere em seu texto, quando em forma humana declarou abertamente: "Nem todo o que me disser Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus senão aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus".
Por que as pessoas conseguem atribuir a Marx e tantos outros pensadores a capacidade de pensar racionalmente, muitos até tornando-se repetidores de suas ideias, mas acreditam que quando se fala de Deus, do Criador, Este precisa ser interpretado por mentes humanas?
Ora, se é como dizem os comunistas, que Deus é uma invenção humana, da qual eles  se apoderam quando conveniente aos seus intuitos de poder absoluto, onde eles próprios querem ser deuses em forma humana, então mais cedo ou mais tarde esta ideia de existência de um Criador por fim desaparecerá por completo por não ser mais necessária.
Por outro lado, existindo um Criador, Projetista da mente humana, é muito atual a pergunta que Ele nos fez através do inspirado profeta Isaías: " Deve o próprio oleiro ( yoh-tsér)  ser considerado igual ao barro. Acaso deve a coisa feita dizer referente àquele que a fez: “Ele não me fez”? E acaso a própria coisa formada diz realmente referente àquele que a formou: “Ele não mostrou entendimento”? Isaías 29:16
Teria Deus um raciocínio tão curto que fosse incapaz de ter Sua própria opinião sobre a melhor maneira de vivermos em sociedade neste planeta? Existindo Deus, Ele precisa se restringir a capacidade humana para resolver problemas que nos assolam por milênios? Afinal, se Deus não irá nunca governar a Terra, por que Seu Filho disse diante de uma corrupta autoridade romana: "Meu Reino não é desta fonte."? e por que Ele nos instruiu a pedir: "Venha o TEU Reino"? 
Uma possibilidade real é: Deus, o Criador, não está contido, como que limitado, dentro da realidade humana, Ele tem pensamentos próprios e feliz daquele que for humilde o suficiente para pesquisá-los e buscá-los sinceramente como a tesouros escondidos (Provérbios 2: 3 ao 6) Se há ainda na humanidade algum traço ou senso inato de justiça, amor, sabedoria e outras tantas elogiáveis qualidades, estas não se desenvolveram numa casual e gradativa evolução, foram marcas indeléveis deixadas em nós por Aquele que nos projetou. Nossas outras e péssimas características foram resultado de nosso (i.e. humanidade) afastamento voluntário da Fonte da vida e do verdadeiro amor, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, patriarcas não apenas de uma nação, mas patriarcas de todas as nações, afinal deles veio aquele por meio do qual todas as nações hão de abençoar a si mesmas. Estes nossos dias, são portanto, dias momentosos : dias de se executarem a justiça divina; um só planeta, bilhões de mentes, muitas teorias, infinitas possibilidades; mas indubitavelmente um tempo sem igual; chegou a hora da humanidade se empaturrar de seus próprios conselhos (Provérbios 1:31) e teorias conflitantes, colhendo ao máximo, um a um seus resultados, e aí sim, depois de experimentarmos o caos a que tais teorias humanas nos levarão, Aquele que muitos se convenceram que não existia, Aquele a quem desprezaram e levaram sarcasticamente em pouca conta, por fim se apresentará de forma sublime e triunfal, sem interferência humana, uma intervenção genuinamente divina e juridicamente incontestável. Venha o teu reino, realize-se a Tua vontade na Terra como no Céu!  
Fernando Carvalho
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sábado, 29 de março de 2014

Brasil 1968/O ANO QUE NÃO TERMINOU - VENEZUELA 2014/O ANO QUE SÓ COMEÇOU: "Vem, vamos embora, que esperar não é saber"

Com bravura e competência, o coronel Hugo Chávez preparou o fascismo na Venezuela. Por morte do seu criador, esse fascismo, já maduro,  passou às mãos de Nicolás Maduro, um sujeito infame como um trocadilho infame. Deixado aos cuidados do infame Maduro, o fascismo chavista apodreceu.

Vejam que não nego ao coronel Hugo Chávez os atributos de bravura e competência. Nem os nego ao cabo Adolf Hitler - aliás, condecorado com a Cruz de Ferro por bravura na Primeira Grande Guerra -, criador do fascismo na Alemanha, chamado de nazismo devido à sigla NAZI do partido hitlerista - Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães -; tão socialista quanto o socialismo bolivariano de Hugo Chávez (coitado do Simón Bolívar, vilipendiado pela apropriação do fascismo chavista).

Na Alemanha, o audacioso Hitler tentou chegar ao poder através de um golpe. O golpe fracassou e o golpista foi preso. Mas sairia da prisão para chegar ao poder pelo legítimo caminho democrático, no  modo parlamentarista. Uma vez no poder, o astucioso Hitler usou de todos os mais ilegítimos artifícios para destruir a democracia e submeter o Estado alemão ao seu absoluto poder nazista. Na Venezuela, o astucioso Chávez seguiu a mesma trilha, com igual sucesso, terminando por submeter o Estado venezuelano ao seu absoluto poder nazi-bolivariano.

O nazismo foi barrado apenas a custa da mais terrível guerra da história. O nazi-chavismo está sendo enfrentado nas ruas da Venezuela por milhares de rebeldes, especialmente pela juventude estudantil.

No Brasil, em 1968, a juventude estudantil enfrentou nas ruas o fascismo de uma ditadura militar. Eu estive naquela luta, na linha de frente, de peito aberto. E bradava: ABAIXO A DITADURA! E cantava nas passeatas a  música de Geraldo Vandré: "Caminhando e cantando..."; "Vem, vamos embora, que esperar não é saber".

"Porém..., ai porém"; muitos dos que comigo cantaram, hoje ficam mudos diante da violência do nazi-chavismo do podre Nicolás Maduro, que prende, espanca, tortura e mata (sendo jovens estudantes as principais vítimas). Pior: alguns que em 1968 cantavam contra a ditadura militar brasileira torturadora e assassina, hoje cantam louvores para a ditadura nazi-chavista venezuelana torturadora e assassina.

Não obstante a omissão vergonhosa do governo brasileiro e a cumplicidade criminosa de dirigentes do PT diante das flagrantes violações aos Direitos Humanos na Venezuela por parte do regime nazi-chavista (dentre as quais violações, repita-se: espancamentos, torturas e assassinatos); nada obstante, espalha-se pelo mundo e chega ao Brasil a indignação com tais violências (deveria ter sido o inverso, o Brasil deveria ter sido o primeiro país a se indignar com as atrocidades no país vizinho).

Zuenir Ventura, que lutou contra a ditadura militar naquele distante 1968, veio a escrever, 20 anos depois, um excelente livro, a começar pelo título tão sugestivo, que tomei emprestado para título deste post:

"1968 O ANO QUE NÃO TERMINOU"

Com efeito; não terminou e recomeçou neste 2014, na Venezuela, cujo povo, cuja juventude, em decisiva luta por Liberdade, Democracia e Direitos, precisa da solidariedade dos brasileiros. À essa solidariedade, especialmente, não se podem furtar aqueles que, como Zuenir Ventura e como tantos, em 1968, pelas ruas e praças do Brasil, não deixaram de "falar de flores" e "seguiram com a canção":

"Vem vamos embora, que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"

VIVA A VENEZUELA! VIVA A LIBERDADE! 
ABAIXO A DITADURA PODRE DE MADURO!      

quarta-feira, 26 de março de 2014

Iremar Bronzeado e Catarina Rochamonte: dois textos político-filosóficos de referência sobre a Democracia - e notícia sobre atualização do Blog

Os filósofos Iremar Bronzeado e Catarina Rochamonte publicaram pela mesma época os textos que serão objeto deste post com o qual atualizo o Blog, após um longo período afastado. Antes quero avisar que o retorno é pra valer; quer dizer, a partir de hoje o Blog ROCHA 100 será atualizado, no mínimo, uma vez por semana. Nosso objetivo é a atualização diária, e a isso chegaremos com a colaboração dos leitores e comentaristas. É o seguinte: o que estimula o blogueiro é o número de leitores e de comentários. Com poucos leitores e poucos comentários, dá muita preguiça de escrever.

Vamos aos textos de Bronzeado e Rochamonte.

Retorno preguiçosa e astuciosamente, visto que farei apenas breve comentário a esses excelentes textos, que considero referenciais para do debate democrático da atualidade, apresentando-os em seguida. Quem já os leu, nada perderá em os reler. E espero que aproveitem para comentar. Vejam que a internet vem funcionando no mundo hodierno como uma Ágora rediviva, um espaço privilegiado para o debate democrático.

Os textos em tela têm como ponto comum, além da defesa da Democracia e da Liberdade, o enfoque dos momentos históricos onde os luminosos ideais de Liberdade escorregaram, terminando por afundar na lama pútrida dos totalitarismos do século XX.  Se bem que os totalitarismos bolchevistas e nazi-fascistas tenham naufragado, alguns baluartes resistem, como são os casos das ditaduras da Coréia do Norte e de Cuba. E ainda, o totalitarismo tenta reabilitar-se em alguns países, como é o caso da Venezuela, hoje sob comando de um facínora fascista que persegue, prende, tortura e mata (principalmente jovens estudantes, que são a vanguarda da resistência ao regime nazi-chavista do podre Nicolás Maduro).

Vamos aos textos; e, espero, ao debate:


NÓS E O NAZI-COMUNISMO CUBANO

As correntes antiliberais – nazi-fascismo, nazi-comunismo, fasci-socialismo – acusam as economias liberais de mercado de promover a famosa "exploração do homem pelo homem", e propõem como antídoto para essa ignomínia social a substituição do Estado dominado pela burguesia exploradora por um Estado proletário, legítimo representante das classes exploradas. Este Estado tem que ser suficientemente forte, abrangente e totalitário, uma pétrea "ditadura do proletariado",  capaz de se contrapor e destruir o que eles chamam de alienante “ditadura da burguesia". A nova ordem daria ensejo ao que seria a última fase do desenvolvimento humano, a marcha acelerada em direção à utopia de uma sociedade de paz e abundância, anárquica, sem Estado, sem lei nem senhor. Um belo sonho, nascido dos belos sentimentos de solidariedade do coração humano, que o faz chorar com os que choram e sofrer com os que sofrem. E os corações dos fasci-socialistas se encheram de piedosa boa vontade. Uma nobre e voluntariosa boa vontade, reconheçamos, para livrar o mundo do lamaçal alienante do lucro, da competição econômica e do consumismo desenfreado, e alçá-lo às culminâncias do ideal de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa.
Só que, "de boa vontade o inferno está cheio", como reza o bom senso da sabedoria popular. Ou seja, não adianta ter a melhor das boas vontades se não se encontra o caminho correto e seguro para por em prática as utopias e objetivos de que ela se alimenta. Um caminho errado pode estragar tudo, e, em vez do topo da montanha, levar o caminhante a se despedaçar nos íngremes penhascos de um tenebroso abismo. Foi o que aconteceu quando, seguindo o caminho troncho da luta de classes, os fasci-socialistas colocaram em prática os generosos ideais de sua insinuante doutrina, terminando por trocarem a exploração do homem pelo homem pela muito mais ferina e despótica exploração do homem pelo Estado. Estados que, apesar de se dizerem proletários e democráticos, não passaram de comitês representativos da súcia tirânica  dos mais espertos dentro dos partidos únicos, dirigidos pela fabricada liderança de um führer, um chefe supremo, a quem todos deviam cegamente obedecer.         
Estrondosamente fracassado na Europa, o esquema nazi-fasci-socialista voltou-se para a América Latina, como a última tábua de salvação para sua desbaratada doença ideológica, para eles, com certeza, um meio mais dócil e receptivo à sua propaganda enganosa, por ser um continente carente de um capitalismo avançado, e, por isso, dominado pela pobreza, pela ignorância e pelo analfabetismo. O investimento nazi-fascista na latinidade americana até agora está dando certo, pois, aqui e acolá, nesta última década, começaram a pipocar, pela via troncha do populismo fraudulentamente                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       democrático, governos latino-americanos abertos à implantação do novo "socialismo bolivariano", e simpáticos à defesa e à cooperação com o nazi-comunismo Cubano. Infelizmente, o Brasil caiu nessa esparrela, que lhe vai custar algumas décadas de atraso em seu desenvolvimento econômico e social. E a nossa "presidenta" guerrilheira, em vez de usar o nosso suado dinheirinho para dirimir as numerosas mazelas que apequenam nossa nação, desvia-o para colaborar com o golpe nazi-propagandístico dos médicos cubanos, que visa transformar em verdade a mentira de que a Cuba nazi-comunista é pobre, mas distribui bem a sua pobreza, oferecendo à população uma educação e uma saúde públicas tão perfeitas que se lhe permitem o luxo de exportá-las para o resto do mundo. (Tal "perfeição", infelizmente [ou felizmente?] só não deu para salvar a vida do seu aloprado parceiro bolivariano Hugo Chaves). E tudo é feito atropelando nossas leis trabalhistas e os famosos "direitos humanos", que a esquerda fascista tanto manipula, pois dos dez mil reais mensais por médico, que pagamos ao Estado cubano, só menos de 10% chega às mãos dos pobres e explorados esculápios.   O resto é retido para a formação de divisas, que o regime incompetente da ilha caribenha não consegue produzir. Na verdade, a competência (ou incompetência?) dos médicos cubanos é vendida como nos tempos da escravidão no Brasil, quando os senhores vendiam os serviços dos seus escravos possuidores de alguma habilidade especial, que por isso ficaram conhecidos como "escravos de ganho". Estes, a única coisa que recebiam pelo seu trabalho era a comida e a dormida, enquanto ao seu senhor era pago o total da remuneração que, por justiça, lhes era devida, da mesma forma como o governo cubano recebe o total dos salários de seus enviados "para salvar a saúde brasileira"T, concedendo-lhes apenas uma pequena parte para comida, roupa e hospedagem.
Os brasileiros de fé e consciência permanecem indignados com este estelionato, que faz uso dos seis meses de trabalho que eles pagam como tributo, para alimentar o "berço da serpente" caribenho, onde se aninham os inimigos da liberdade e da democracia. 


SOS VENEZUELA: imperativos da Democracia e dos Direitos Humanos
Catarina Rochamonte
Um momento antes da atual conjuntura, um período afamado como moderno precipitou-se em teorias absurdas e definitivamente além dos horizontes próprios da averiguação humana. Além de a mensagem sobrepujar o próprio horizonte limitado do conhecimento, seu teor alcançou um patamar só permitido ao discurso advindo da própria revelação. Referimo-nos ao espetáculo metafísico do séc. XVIII onde os maiores progressos técnicos se encaminhavam para uma melhor aplicação e a singular presunção humana lançou o próprio pensamento técnico aos céus, como se a possibilidade de arranjar conceitos fosse suficiente para fazer a verdade fluir. Recalcitrante no que tange às demandas críticas impostas por Kant, os idealistas se propuseram uma metafísica romântica incomparável em beleza e em falta de lucidez, pois a própria perscrutação do infinito pressupõe asas outras que as meramente intelectuais. Concentrando esforços na fulguração divina do inusitado intento, o filósofo Hegel se prestou a artes infinitas de dialética enquanto o espírito absoluto de que falava outra coisa não era que a empáfia própria de uma mente obscurecida pela própria potência. Ligar Deus ao conceito sem atinar para a concordância efetiva entre Deus e fé, sem atinar para a transcendência absoluta de Deus em relação à lógica é sinalizar conflitos e abastecer corretas inclinações sem corretas possibilidades. Não negamos que Deus seja o infinito e o absoluto, negamos que ele seja o infinitamente lógico, pois o logos é tão somente a esfera menor na qual a humana inteligência pode trabalhar. Limitar Deus à lógica é limitar o homem ao pensamento intelectual e sem vida. Coerência desprovida de seiva e de chão, de sapiência existencial e de carnalidade, pois a carne também participa da ascensão gradual ao conhecimento através de suas depurações sucessivas. Como o próprio filósofo se abismava na própria terra inventada, a tendência máxima da estupefação alienante se verifica ao comparar-se a si mesmo ao espírito absoluto sob o pretexto de tê-lo atingido. Tudo isso não passa de desatinos próprios de uma mente privilegiada em um determinado aspecto e obtusamente frágil em outros. Comparar o esforço hegeliano ao esforço marxista é o propósito do nosso texto, pois enquanto um sobrevoava o tempo em busca do espírito absoluto, o outro solapava as esperanças dos que criam no efetivo espírito. Desterrados do conceito obnubilador de absoluto metafísico, os homens se ataviaram na busca da perfeição terrena por caminhos altamente deturpados e carentes da mais singela e humilde vocação evangélica. Correram atrás das massas e enobreceram cidadãos desprovidos de espírito religioso, respaldaram teses abjetas e demoliram pretensões sãs e coerentes de consolidar paulatinamente uma sociedade hábil e concretamente constituída sob o respaldo da democracia, consolidaram um poderio beligerante próprio da terra e com ele apregoaram o paraíso terrestre, deserdaram homens e assaltaram mãos famintas a propósito de um bem coletivo altamente questionável. Consentâneo obstáculo ao progresso real verifica-se hoje quando os remotos líderes se fazem aplaudir através de uma covarde desistência e de uma anárquica coesão. Venezuelanos se põem em busca de um líder capaz de governar um povo sem que a própria astúcia e desatino mental o ponha a perder. Liderados por desastrados e deficientes homens, esse povo clama e se revolta sem que a mundial política se dê ao caso de verificar a atual correção do mandato em vigor. Completamente louco está aquele que dirige o país e conquanto a democracia seja o esteio fundamental da nossa civilização, o Brasil se prestaria um favor se opondo a um tutor beligerante e deturpado nos mais singulares princípios éticos. Rapidamente tracejamos essas linhas a fim de fazer ver que um erro teórico, se deixado à solta, conduz a pérfidas consequências e consagra louros à ignorância. Lentamente encaminhemos nossas reflexões para a possibilidade de um arranjo global entre os povos, pois o quesito em pauta não é nem metafísica, nem política, mas a real necessidade humana de conduzir o mundo segundo preceitos radicados em princípios reais. O norte maior da condução comum é a justiça e a justiça é o elemento básico de coesão e coerção. Comumente se estabelecem votos em favor da administração em voga, mas a política seriamente conduzida desmente a propensão à beligerância e ao colonizador anelo. Conquanto os esforços diplomáticos de interferir minimamente na soberania nacional seja um zelo elementar, ele não se opõe ao trâmite necessário em caso de sucessão partidária. Consagrado pelo povo sem ser consagrado pelas urnas (a vitória foi por uma margem de 1,59 ponto percentual), o atual presidente da Venezuela deveria ser banido do cargo à menor violação dos direitos humanos. Conduzido por partidários débeis, seu mandato consolida-se tão somente pelo apoio popular que, uma vez retirado, deveria retirá-lo do cargo também. O apoio insólito dos países vizinhos se afigura algo abjeto, pois o elemento maior desse apoio é a questão financeira do respaldo energético. Cumplicidade ante a maior falta de respeito aos direitos humanos e sórdida aliança por fins materiais é o que se verifica no descaso global com a atual problemática desse país. Convocar o povo ao apoio estudantil e convocar à parcimônia aqueles que se dizem comunistas é uma luta atual e necessária, pois tudo o que diz respeito à honradez e à dignidade humana é objeto de estudo e de direção em qualquer tempo em que se lhes corrompa o progresso.