Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

sábado, 5 de maio de 2012

Herta Müller, uma intelectual que detesta ditaduras

É impressionante como tem intelectual que gosta de ditadura e bajula ditador; desde que o ditador seja de esquerda, claro, pois ditador de direita é brega. Tem isso no mundo todo, mas no Brasil é uma praga. Aqui, 9 de 10 intelectuais puxam o saco do ditador Fidel Castro.
Todavia, de vez em quando, aparece um intelectual que não gosta de ditadura de esquerda nem de direita, e nem de tipo nenhum. É o caso de Herta Müller, romena-alemã ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2009.
Na juventude, Herta foi perseguida pela ditadura comunista da Romênia após negar-se a ser espiã. Pensou em suicídio, mas resistiu à tentação. Em 1987, por interveniência da Anistia Internacional e do governo da Alemanha Ocidental, foi recebida neste país, onde desenvolveu a brilhante carreira que viria a torná-la mundialmente conhecida. Sua literatura é marcada pelas amargas experiências sob o ditador Ceausescu, sendo seus livros mais conhecidos "Cristina e seu Simulacro" e "Mas Sempre Ocultou".
Agora, por ocasião do lançamento no Brasil do seu último livro, "Sempre a Mesma Neve e Sempre o Mesmo Tio", a Folha de São Paulo (também na Folha Online) publicou uma excelente entrevista com a escritora, para a qual remeto os leitores do Rocha 100. Mas adianto duas respostas que mostram a fibra libertária dessa mulher bravíssima.

Sobre a possibilidade de retorno de regimes totalitários:

"Dê uma olhada no que se passa agora no mundo. O que está acontecendo na China, onde pessoas que não concordam desaparecem em prisões secretas ou são condenadas a longos anos de prisão, como o Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo e sua mulher. Para isso o governo chinês não precisa nem de uma ordem judicial como forma de legitimação. E o que acontece na ditadura religiosa do Irã. Existe uma religião patriarcal totalitária, que ameaça o mundo com a extinção de todo um país com a destruição de Israel"

Sobre Günter Grass e um troço calhorda que esse velho patife escreveu, chamou de poema e foi muito badalado por outros intelectuais que gostam de tiranos (Grass morreu de amores  por Hitler e, vez por outra, mostra-se nostálgico dos seus amores ideológicos da  juventude):

"Grass distorce a realidade. O Irã está ameaçando Israel, e não o contrário. Além disso, chamar o texto dele de poema é um rótulo embusteiro. Grass perdeu para mim a credibilidade moral há muito tempo, porque ele ocultou durante décadas sua filiação à [organização nazista] SS".


3 comentários:

  1. Intelectual de esquerda gosta mesmo é de birita.

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  2. Fui lá na Ilustrada, da Folha, e vi a entrevista completa da Herta Müller. Excelente. Nunca tinha lido essa escritora, agora ler tudo.

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  3. Günter Grass é um grande escritor, mas, no fundo, nunca deixou de amar o nazismo. Como muitos intelectuais que nunca deixaram de amar o comunismo, mesmo depois da queda do muro de Berlim.

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