Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

sábado, 1 de dezembro de 2012

DERRUBA, CONGRESSO! ou NORDESTE INDEPENDENTE

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, peitou a Presidente Dilma, botou o bloco na rua, pagou pra ver... e venceu. Dilma vetou o artigo mais importante da Lei dos royalties do petróleo, precisamente aquele que redistribuía as riquezas petrolíferas do Brasil de modo a favorecer o desenvolvimento de todos os estados brasileiros. Foi um uma afronta ao pacto federativo, uma agressão aos brasileiros das regiões mais carentes. Tem de ter resposta imediata e eficaz. Resposta, aliás, óbvia ululante, escancarada, de fácil execução: derrubar o veto. Neste sentido, a Confederação Nacional dos Municípios já lançou nota conclamando os brasileiros para uma campanha nacional. Vamos atender ao chamado.

O Projeto de Lei dos royalties do petróleo foi aprovado na Câmara e no Senado por ampla maioria. Por óbvio, o Congresso Nacional terá ampla maioria para derrubar o veto presidencial. Só não derruba se não quiser, se os congressistas do Nordeste, do Norte, do Sul e do Centro-Oeste se acovardarem, pedirem arrego, traírem miseravelmente seu eleitorado. Não farão isso.

Mas essa luta não pode se dar apenas no Congresso, tem de ocupar as ruas. Foi por ocupar as ruas do Rio de Janeiro que o governador Sérgio Cabral venceu a primeira batalha. Nós outros, vetados da riqueza maior do Brasil, temos de ocupar ruas e ruas pelo país afora para vencer a segunda batalha, uma terceira, e quantas forem necessárias para fazer valer os direitos dos entes federados.

Os lideres políticos que foram vitoriosos na luta para aprovar o Projeto de Lei têm de agir para dar consequência à essa luta. No primeiro momento pós-aprovação, dormiram de toca. Aí, a turma do Sérgio Cabral, que só usa toca em festa em Paris, passou por cima deles. Agora, não vamos esperar, vamos botar nosso bloco na rua:

O PETRÓLEO É NOSSO, DE TODOS OS BRASILEIROS: DERRUBA, CONGRESSO!

A campanha pelo veto de Dilma, se bem que comandada por Sérgio Cabral, ganhou apoio dos intelectuais e dos artistas cariocas, gente famosa, simpática e idolatrada. Essa mesma gente deve parte da fama ao uso artístico-político-ideológico do sofrimento dos nordestinos. Vê-se agora que era da boca pra fora. Essa bofetada do veto presidencial aos interesses econômicos do Nordeste (também do Nordeste) vem num momento em que a gente sertaneja padece o horror de uma seca inclemente e de um descaso vergonhoso por parte do Governo Federal. Os intelectuais e artistas do Rio Maravilha esqueceram do "Carcará pega, mata e come". Eles apenas pensam em comer sozinhos os royalties da maior riqueza nacional. Por eles, Carcará pode morrer de fome.

Todavia, diz a canção de João do Vale: "Carcará, mais coragem do que home".  Vamos ver se nosso carcará continua valente, "um pássaro malvado" com "o bico volteado que nem gavião". O carcará a que me refiro são os políticos, mas não só os políticos profissionais, e sim a todos que possam travar essa luta política. Política não é pra bicho frouxo. Tem de ser carcará.

E agora peço vênia (tá na moda) aos demais estados prejudicados pelo veto da Dilma para me ater à minha pequenina e brava PARAÍBA MULÉ MACHO: 

Começo com o senador Vital do Rêgo. Ele foi, no Senado, o feliz relator do Projeto de Lei que estabelece justiça distributiva da maior riqueza nacional, tem grande prestígio na República, é peça chave. Não pode recuar, tem de ir para a linha de frente da luta pela derrubada do veto.

Sigo com o governador Ricardo Coutinho, a quem tanto tenho criticado. Contudo, nunca deixei de reconhecer que o governador paraibano é um sujeito destemido. Arrogante e prepotente, porém destemido: um verdadeiro carcará. Então, que assuma com destemor essa luta em defesa da Paraíba, do Nordeste e do Brasil.

Acho que podemos contar o prefeito eleito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. O novo prefeito tem prestígio com Dilma. Então, deve ser sincero: "Presidenta, entendemos a situação política que levou Vossa Excelência ao veto, mas não trabalhe contra a derrubada, não se desgaste ainda mais".

Conto com alguns amigos: o prefeito Hexa-Campeão Marcus Odilon (duas vezes prefeito em Juarez Távora, quatro vezes em Santa Rita); os vereadores eleitos Mestre Fuba (na capital) Genival Guedes e Farias (em Santa Rita).

Apelo para conhecidos meus com mandato, pessoas que, sem ter maior aproximação, conheço de longa data e tenho estima e admiração; além do que, recordo-me de algumas lutas que lutamos juntos: o deputado Anísio Maia, coordenador da vitoriosa campanha do PT em João Pessoa e o melhor organizador político que se possa imaginar; vereador Durval Ferreira, o melhor Presidente que a CMJP já teve; os combativos vereadores Tavinho, Marcus Vinícius, Pedro Alberto Coutinho e João Almeida, que conheço dos tempos do PDT de verdade, o PDT do Brizola; a vereadora Sandra Marrocos, minha brilhante aluna no curso de Filosofia na UFPB.

O mais complicado é chamar para essa luta meus amigos que não têm mandato político, formalmente desobrigados de tais enfrentamentos. Também eu, aliás, não tenho mandato, mas desde adolescente sempre gostei de me meter em confusão. Vou chamar apenas dois, porque sei que eles gostam de briga, são ex-guerrilheiros e eternos bolchevistas, enfrentaram tortura, bala e muitos anos de cadeia: José Calistrato Cardoso e José Emilson Ribeiro.

Por último, e muito importante, os artistas e intelectuais, pois sem essa tribo nenhuma campanha de opinião pública prospera. Como são muitos, pois a Paraíba tem mais artista e intelectual do que bode e urubu, citarei apenas um, que é um intelectual mobilizador: Heriberto Coelho. Apelo para que ele conclame "as antenas da raça", que faça uma badalação pela derrubada do veto lá em O Sebo Cultural

Enfim, se nós nordestinos formos mais uma vez defraudados, vamos botar pra quebrar: declararemos INDEPENDÊNCIA. Temos hino e tudo mais. Lembrem-se da GUERRA DE PRINCESA, comandada por Dom José Pereira, o Invencível. Nossa guerra de agora não haverá de desonrar a guerra de outrora. Em caso de derrota no Congresso (que só acontecerá por covardia e traição) teremos mesmo de partir para a "separação de fato e de direito", conforme já profetizado no nosso hino. 

Tal conflito, que dividirá o Brasil "a partir de Salvador", já fora anunciado pelos profetas Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova, na voz apocalíptica de Elba Ramalho: NORDESTE INDEPENDENTE. Justamente, é esse o hino ao qual nos temos referido. Quem não conhecer, vá ao Youtube.






Um comentário:

  1. É complicado este tema, eu sou do ES acredito que deveria se dividir melhor os royalties principalmente para os estados mais pobres, mas tem um pequeno erro nessa história, não se pode tirar o direito adquirido pelos estados produtores.
    O governo federal deveria abrir mão de sua parte e dividir com os não produtores. O problema é que o governo não vai abrir mão, os estados não produtores perceberam que sendo maioria poderiam tirar proveito em cima dos produtores que são minoria e assim fizeram, uma atitude covarde e nefasta.
    Se o nordeste quer independência o sudeste também pode ser independente.
    Eu acredito que ainda é possível dividir melhor esta grana e "todo mundo sair feliz" dessa história, mas pra isso quem deve abrir mão dos recursos é o governo federal e não os estados produtores (que possuem direitos adquiridos).

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