Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Entrevista com Flávio Eduardo Maroja Ribeiro, vereador eleito (PT) de Jampa Capital: o Mestre Fuba, das Muriçocas do Miramar




ROCHA 100 - Pela sua identificação com a vida cultural de João Pessoa, vai usar o seu cargo de vereador, prioritariamente em função de projetos culturais?
Fuba – Como produtor e agente cultural que sou, a minha atuação em defesa da cultura já faz parte de minha própria vida e está inserida em meu cotidiano. É necessário entender o papel de um vereador como deflagrador da atividade jurisdicional.  Um parlamentar tem que ter uma visão macro sobre os problemas da cidade e não apenas se limitar a um único seguimento. Evidentemente darei minha contribuição no que for preciso para melhorar e qualificar a nossa cultura, mas não poderei deixar de olhar, fiscalizar e propor alternativas convincentes para melhoria de nossa população em todas as áreas do município.

ROCHA 100 - Pode adiantar alguns dos seus projetos? 
Fuba – Por motivos óbvios e de sigilo de planejamento, ainda é cedo para adiantar os projetos que apresentaremos na Câmara, mas posso garantir que todas as matérias serão debatidas profundamente com a sociedade até chegar à condição de Lei.

ROCHA 100 - Acha que o prefeito eleito está especialmente motivado na área cultural?
Fuba – É claro! O que não falta é motivação nesse novo projeto político. Em todas as áreas. Luciano Cartaxo é uma pessoa que acumula uma experiência incontestável e tem o dom da sensibilidade.  Já foi vereador por quatro mandatos, vice governador e deputado estadual. É uma pessoa simples e que sabe escutar.  Como prefeito, não tenho dúvidas que fará uma gestão voltado aos movimentos de massa e em defesa dos menos favorecidos. No nosso programa de governo está previsto  obras estruturantes na área de mobilidade urbana, saúde e educação sem esquecer a valorização do servidor público que é a mola propulsora para uma boa gestão.  Nesse contexto a área cultural é também uma  prioridade já que estamos em visível declínio e é necessário em caráter emergencial resgatar  a nossa auto estima que só é possível com a fomentação da cultura e do resgate da nossa história. Algumas idéias estão em curso, mas só serão divulgadas após o relatório final da equipe de transição e a conseqüente radiografia dos pontos críticos a serem analisados.

ROCHA 100 - Além da cultura, que é, digamos assim, a  menina dos seus olhos, que outras áreas de atuação lhe são preferenciais?
Fuba – Não posso preferenciar áreas de atuação, mas, além da cultura, me identifico muito com os movimentos sociais, a defesa do meio ambiente, o turismo sustentável e o bem estar da sociedade, sem preconceitos e descriminalização. João Pessoa é uma cidade que até hoje foi pouco aproveitada como referência cultural. Só o fato de sermos privilegiados geograficamente já seria motivo suficiente para darmos um salto qualitativo na área do turismo, por exemplo.  É inconcebível que a terceira capital mais antiga do Brasil não tenha tido ainda a capacidade de revitalizar o seu Centro Histórico. É necessário pensar grande para que deixe fluir todas as possibilidades. É nesse contexto que faremos o nosso mandato, dialogando com todos os movimentos e manifestações da sociedade.

ROCHA 100 - No último ano de Ricardo Coutinho como prefeito a FUNJOPE vetou o projeto de WJ Solha para a peça "A PAIXÃO JUDAICA". Esse magnífico projeto já havia sido aprovado, mas voltou-se atrás por motivos político-eleitorais. Há perigo de tal procedimento ocorrer na gestão de Luciano Cartaxo. Ou seja, pode a nova administração municipal impor uma gestão cultural político-partidarizada? 
Fuba – Pela primeira vez João Pessoa terá oportunidade de ser governada pelo PT e se existe um diferencial nesse partido, posso garantir que é a tal da democracia. O prefeito Luciano Cartaxo nunca foi de perseguir e espero que continue assim. Se um dia mudar serei o primeiro a discordar.  Essa política pobre e mesquinha não faz parte de sua índole e creio que a partir de agora, todas as bandeiras serão desasteadas para dar vez à pluralidade, a democracia e ao diálogo. A ditadura cultural e o patrulhamento ideológico não farão parte desse governo.  É nessa perspectiva que vejo um novo tempo a ser construído e Luciano já provou que tem capacidade de aglutinar através do diálogo e da compreensão.

ROCHA 100 - A FUNJOPE, como principal órgão de gestão cultural da PMJP, pode promover a cultura pessoense, mas pode também atrasá-la; pode elevá-la ou degradá-la; pode ajudar a liberar a imensa criatividade de nossa gente, mas pode também tentar controlar, manipular e abafar essa criatividade. Você, como intelectual engajado, propõe algum modelo de gestão, talvez um nome, adequado ao clima de liberdade, á pluralidade que o fazer artístico requer? 
Fuba – A meu ver o nome que deverá compor a FUNJOPE tem que ter o perfil técnico e manter uma boa relação com os artistas e a história de nossa cidade.  Não poderá simplesmente ser um cargo político. Tem que ter compromisso com o seguimento e fazer assumir o seu verdadeiro papel de fundação, captar recursos e inserir projetos que fomentem os setores relacionados. Cultura não se resume a shows, exposições, artesanato, artes cênicas ou eventos multimídias. Na cultura da gastronomia, por exemplo, a forma de se amarrar uma corda de caranguejo é altamente cultural assim como o nosso “rolete de cana” que tem uma semelhança muito grande com um buquê de flores e é típico da Paraíba.  Isso também é cultura! A cultura do sotaque e do comportamento é essencial na preservação de nossa história.  Da mesma forma, tem que se garantir um espaço maior a cultura popular como forma de repassar para as futuras gerações as suas tradições.   Provocar esse debate, fomentar projetos e oficinas na periferia, descentralizar ações e desburocratizar os serviços, talvez seja a melhor forma de pluralizar e divulgar a cultura do nosso povo fazendo chegar essas manifestações a um contingente maior e bem mais expressivo. Para isso é necessário criar conceitos e critérios, implantar o Conselho Municipal de Cultura, reestruturar o FMC e distribuir democraticamente os espaços aos artistas priorizando, por uma questão de justiça, os que atuam e sobrevivem exclusivamente de suas artes.

ROCHA 100 - Você é artista, escritor e político. Pois, um dos maiores artistas da Paraíba, do Brasil e do mundo, o pintor Flávio Tavares, gênio da raça, disputa na Academia Paraibana de Letras a vaga de Ronaldo Cunha Lima. Já o escritor-historiador Marcus Odilon, mais conhecido como político, disputa a vaga de Joacil de Brito Pereira. O que acha dessas candidaturas?  
Fuba – Concordo com os dois nomes citados. Admiro muito o trabalho vanguardista de Flávio Tavares assim como a literatura intelectualizada de Marcos Odilon. São, sem dúvidas, dois ícones que devem ser reconhecidos e imortalizados pela APL.

ROCHA 100 - Última pergunta: está bem perto a eleição para Presidente da Câmara Municipal de João Pessoa. Quem é seu candidato?
Fuba – É tempo de se unir. O fato de termos uma larga vantagem de parlamentares na base de sustentação não quer dizer que devamos entrar numa disputa interna colocando em risco essa unidade. Durval Ferreira conseguiu construir essa maioria com habilidade. Além disso, ele representa o PP, primeiro partido que apoiou e acreditou no nosso projeto. Por essa razão não vejo alternativa de mudança capaz de influenciar os vereadores no consenso de outro nome.

João Pessoa, 19/12/2012.




Um comentário:

  1. Tenho muita esperança na atuação do vereador Fuba, a quem dei meu voto consciente. Boas e inteligentes perguntas foram feitas e gostei das respostas. Gelza

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