A Lei da Anistia foi promulgada em 28 de agosto de 1979, portanto, o aniversério é hoje. Mas nós já o comemoramos ante-ontem, sexta-feira 26. Foi um evento esplêndido, como sempre ocorre com as realizações de O Sebo Cultural. Casa superlotada, gente pela calçada. Teve um debate de verdade sobre a revisão ou não da Lei da Anistia, sendo os trabalhos dirigidos com eficiência por Helena Uema, presidente da Associação Paraibana de Anistia. José Calistrato - herói da luta armada, combatente da ALN, ex-preso político - fez um discurso inflamado pela revisão, no que fui acompanhado por Antonio Campos, presidente da Associação de Anistiados de Pernambuco. Eu falei contra a revisão. Com bastante vigor, creio; porque o clima esquentou. Este é que é o bom debate. Da questão particular da revisão de um lei, passou-se à questão geral da democracia e do comunismo (no calor do debate, a rigorosa presidente Helena Uema teve de puxar algumas orelhas). Um jovem comunista (tão radical quanto eu fui nos meus tempos de jovem comunista), disse que a democracia "é coisa do demônio", que o importante é o prato de comida. E lá fui eu defender a democracia liberal, dizer que para se promover os direitos de igualdade não precisa renunciar aos direitos de liberdade, os direitos inalienáveis proclamados desde a Revolução Francesa. O brilhante advogado Alexandre Guedes, representante da OAB/Paraíba, dirigente internacional dos Direitos Humanos, fez um notável discurso, também favorável à revisão da Lei da Anistia. Como somos muito amigos, ele procurou minimizar a antipatia pelo meu discurso "politicamente incorretas", dizendo que o expresso apenas pelo gosto da polêmica, "só pra contrariar". E arrematou com o sublime Voltaire: "Não concordo com uma única palavra do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-las". Mas esta, caríssimo Alexandre, é justamente uma marca registrada do liberalismo, que eu defendo. A grande Elizabeth Teixeira, com seus 80 e tantos anos de heroísmo, contou detalhes da sua admirável saga. Depois, quem brilhou foi Wanderly Farias - que, junto com Lula, José Dirceu e mais uns poucos, comandou o PT nacional quando da sua fundação -. Teve ele a ousadia de, diante de uma platéia composta majoritariamente de duros revolucionários marxistas, fazer o discurso do amor e do perdão. Fosse um orador de menor carisma e estatura, poderia parecer piegas. Sendo Wanderly quem é, empolgou e comoveu. Foi apaludido de pé - não por todos, mas por muitos; por mim, inclusive. Depois do debate, teve o lançamento do meu livro (texto para teatro), "Anos de Chumbo e Anistia: Senhora Liberdade. Essa pequena obra libertária; ... deixarei para comentar amanhã. Também amanhã, continuarei com a lista dos presentes; e depois de amanhã, e depois...; porque foram muitos e muitos. Lembrarei de todos, pois estão guardados no meu coração.
Infelizmente, por motivo de força maior não pude comparecer ao evento, porém,com quem conversei só ouvi elogios. Unanimidade em relação aos debates, às personalidades presentes,ao lançamento e título da obra, ao inusitado de alguém cantando "Caminhando",etc. Parabéns e viva a Liberdade. Gelza
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