Em um dos primeiros posts deste Blog, dissera eu que o mais importante trabalho artístico-cultural do Brasil estava sendo feito na Paraíba, no "eltheatro.com", por WJ Solha: os "Breves ensaios ilustradíssimos". Coisa de gênio. No mesmo "eltheatro.com" Solha está publicando a "Pequena arqueologia da minha vida pregressa"; que não é pequena, pois já vai no sexto, e longo, capítulo. Este sexto capítulo, pedi que nos deixasse publicar também no "portal100fronteiras". O que foi concedido, como poderão ver. Parece-me uma continuação dos "brevíssimos ensaios ilustradissimos", agora centrados no próprio autor. Continuam ilustradíssimos e genialíssimos. E, o melhor, com muita ação. A vida de Waldemar José Solha é uma aventura intelectual e mística de tirar o fôlego. Ele se pretende ateu; mas, como ateu, não convence. Ora, em certo momento de desolação, ainda na juventude, apareceu-lhe Jesus Cristo (como Jesus estava na companhia de Hamlet, Solha concluiu que foi uma alucinação). Quando jovem, aliás, parecia-se muito com o Rabi de Nazaré. Com a idade, tornou-se semelhante a um profeta bíblico. Na juventude foi, mais de uma vez, confundido ou identificado com Jesus. Todavia, descrê de Cristo; ou que Cristo não foi aquilo que se diz que foi. Descrê, mas tem fixação em Cristo. E tem, como Cristo, o dom da cura. Pelo relato publicado originalmente no "eltheatro.com" e agora neste "portal100fronteiras", não deveria restar qualquer dúvida sobre o poder de cura de WJ Solha. Pelo relato e pelas testemunhas, que são muitas e idôneas. Contudo, o próprio autor das curas extraordinárias concluiu que não as fez, que tudo não passou de coincidência. Nisto, não convence. Vejam lá (a passagem com as curas está para o fim do artigo), mas eu resumo aqui. A primeira cura foi de um rapaz que havia participado como figurante de uma peça teatral de Solha. Com queimaduras gravíssimas, desenganado pelo médico Dr. Avelino Queiroga, o rapaz gritava. Solha, que lhe ouvia os gritos (morava em frente à casa do rapaz), trancou-se no banheiro e entrou em transe. Narra o seguinte: "... fui jogado de costas contra a porta. Aí vi nossa galáxia, vi algo como uma chuva de energia escapar dela... caiu sobre a casa do rapaz e sobre ele, vi então o interior do corpo do moço, entrei na circulação do seu sangue, cheguei-lhe ao coração, disse-lhe: "Fique com minha saúde". No mesmo dia o rapaz ficou curado. Em seguida, pelo mesmo processo, curou o pai da amiga Martha Jerusa, o Dr. Nelson Nóbrega. Depois curou o amigo Marco Antônio. Enfim, entrou em transe para curar a própria filha, quando o médico não sabia mais o que fazer. Porém, como falhou nas duas últimas tentativas de cura (a filha de um amigo com tumor no cérebro e a mãe do próprio Solha com câncer metastático devastador em estágio final) concluiu que se enganara em relação às primeiras curas, sugestionado por coincidências. A premissa que Solha usa para negar seu próprio poder de cura, não se sustenta. Que tenha falhado nas últimas tentativas de cura, não implica que as primeiras curas não tenham ocorrido. Os dons de cura deveras existem, mas ninguém é infalível. Só Deus é infalível. Estabelecida a veracidade do relato, qual a probalidade de que tudo não tenha passado de coincidência? Muito próxima de zero. Mas, se Solha, que viu Jesus e não acreditou, não quer crer nas curas que ele mesmo, Solha, realizou; o que se há de fazer? Solha tem outros poderes mentais extraordinários, a ponto de ter assombrado um babalorixá da Bahia, que lhe disse: "Tu é Exu!". Penso diferente, acho que Solha, apesar de ateu, é, "malgré lui-même", um santo. Talvez não seja canonizado. Mas meu Padim Ciço do Juazeiro, que também não foi canonizado, é santo dos maiores. Como também é santo Chico Xavier. Pode ser embaraçoso para um intelectual-dialético-materialista como Solha apresentar evidentes traços de santidade; mas, o que se há de fazer?