Blog Rocha 100
“No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.
sábado, 23 de novembro de 2013
Os bolchevistas da Papuda: coitados; nem na prisão eles são livres
O bolchevismo promove dois tipos de servidão: 1) a servidão de toda a sociedade submetida pelos chefes bolchevistas ao regime totalitário; 2) a servidão voluntária do próprio bolchevista à feroz disciplina partidária.
Disciplina requer chefe que a imponha. Por isso mesmo, os bolchevistas não vivem sem um tirano, sem um ídolo; como Lênin, como Stálin, como Mao. O bolchevista verdadeiro entrega sua vida à causa, cujos caminhos são indicados pelo Partido. Partido este que é iluminado pelo "guia genial". Eles, os bolchevistas, acham isso lindo. No bolchevismo é assim: o sujeito é chefe ou é servo.
Voltemos ao caso dos bolchevistas da Papuda. Zé Dirceu, todos sabem que é chefe. Delúbio, está na cara que é servo, tem vocação para a servidão, já deu declarações comoventes de sua dedicação incondicional à causa e ao Partido (Partido pelo qual fará qualquer coisa; além das que já fez). Genoíno, que não terá tanta vocação para servo quanto Delúbio, creio que seu desespero para sair da Papuda e ficar em prisão domiciliar será menos pelo coração e mais para escapar do jugo de Zé Dirceu. Quanto a Jacinto Lamas (que nome de lascar pra um corrupto, né não?) e Romeu Queiroz, estes são só companheiros de mensalão, não são companheiros de PT e não são bolchevistas; não vão se adaptar de jeito nenhum. Só um autêntico bolchevista suporta a férrea disciplina bolchevista. Lamas e Queiroz haverão de antes preferir a morte.
Tem uma bela palavra do Mahatma Gandhi sobre a Liberdade:
"A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. A Liberdade é uma questão de consciência".
O bolchevista, coitado, aonde for, até na cadeia, carregará consigo a sua servidão voluntária.
Outros mensaleiros estão prestes a serem despachados para a Papuda. Ruim mesmo não será o regime fechado ou semi-aberto, insuportável será a tirania do chefe bolchevista Zé Dirceu. Ninguém merece. Quer dizer, talvez esses corruptos mereçam.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Punhos erguidos contra a democracia. Ou: o PT não está, não pode estar, não deve estar e não estará acima da Lei
O que se encontra por trás dessa extravagância ridícula é algo tenebroso: o FANATISMO. Fanatismo que produz a sanha autoritária que coloca o partido acima do Estado, da Lei, da Justiça, dos juízos de Racionalidade e de todas as evidências da Verdade. Historicamente, tem sido essa a regra tanto para os partidos da esquerda autoritária (bolchevista) quanto para os partidos da direita autoritária (nazi-fascista).
Presos por corrupção, os chefes petistas José Dirceu e José Genoíno erguem o punho; um grupo de fanáticos petistas repete o gesto. Tal gesto remete a revolução e rebeldia. No caso presente, é uma pantomima. Lá mais atrás, nos "anos de chumbo", Dirceu e Genoíno foram revolucionários: ergueram punhos e armas contra a ditadura militar. Hoje, denunciados, indiciados, julgados e condenados na vigência plena do Estado Democrático de Direito, só podem estar erguendo os punhos contra a Democracia.
Delúbio Soares não foi herói nos "anos de chumbo", mas imbuiu-se do espírito de martírio típico dos heróis. Ele dará a vida pelo partido, no qual supõe toda a autoridade do mundo. É comovente. Nem por isso o tesoureiro do mensalão será menos corrupto.
Henrique Pizzolato, o petista que fugiu para a Itália, nem foi herói nem tem espírito de sacrifício, mas tentou soar heroico, em uma carta de cretinice alarmante. Vejam um trecho:
"Por não vislumbrar a mínima chance de ter julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente fazer valer o meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial...".
A condenação desse bravo amante da liberdade se deu com placar de 11 a 0 (onze a zero) pelos crimes de corrupção passiva e peculato e 10 a 1 (dez a hum) pelo crime de lavagem de dinheiro. Isso em um STF cuja maioria de juízes foi indicada pelo presidente petista Lula e pela presidenta petista Dilma. Curiosamente, o votinho de absolvição que Pizzolato teve no caso da lavagem de dinheiro foi dado por um ministro indicado pelo presidente Collor de Mello, o Marco Aurélio. Quer dizer, então, que Lula e Dilma escolheram a dedo ministros dispostos a prejudicar Henrique Pizzolato? Como se explica esse ódio de Lula e Dilma ao pobre Pizzolato?
José Dirceu também divulgou uma carta, da qual destaco dois trechos:
"... a cobertura da imprensa foi estimulada e estimulou votos e condenações, acobertou violações dos direitos humanos e garantias individuais..."; "... serei preso político de uma democracia sob pressão das elites..".
Dirceu diz isso como se o PT não tivesse espaço na imprensa. Mas o PT tem largo espaço na imprensa desde o tempo em que era oposição. Saber usar muito bem esse espaço foi, aliás, uma das condições para chegar ao poder. Sendo que o PT tem imenso espaço na imprensa (mídia em geral), o que se pode entender da fala de Dirceu é que o que o PT quer não é mais espaço, mas todo o espaço; quer submeter toda a mídia ao seu comando. A democracia brasileira estar sobre pressão das elites é possível, porque é natural de toda democracia ser submetida a pressões: das elites, dos trabalhadores, dos estudantes, dos movimentos sociais, dos excluídos, das classes médias, dos intelectuais, dos artistas, dos desempregados, etc. O que não falta, nem deve faltar, em democracia é pressão. Mas por que a democracia durante o governo do PT seria especialmente sensível à pressão das elites? Por que Lula e Dilma escolheriam tão zelosamente para o STF ministros predispostos a se submeterem aos interesses das elites? Também será difícil entender que seja preso político alguém que em plena vigência de regime democrático é preso por corrupção. Todavia, se for realmente o caso, o Brasil já tem o preso político deputado Natan Donadon. Já teve também o preso político ex-governador José Roberto Arruda, que passou uns tempos na Papuda. Até o Paulo Maluf foi preso político por breve temporada.
A corrupção do mensalão foi uma corrupção maior do que as outras, com objetivos estratégicos de poder, porém, essencialmente, corrupção vulgar. Os punhos erguidos de Genoíno e Dirceu na chegada à PF paulista foram uma tentativa de usar um heroísmo passado - de punhos erguidos e armas em punho - para envernizar a madeira podre da corrupção medíocre de hoje. Da mesma forma, a reivindicação da condição de preso político. Essa heroica condição se contrapõe à deprimente condição de corrupto preso. E eles têm direito a essas ilusões.
Os revolucionários marxistas-leninistas dos "anos de chumbo" eram tão idealistas e destemidos quanto eram violentamente autoritários. Uma perspectiva que se abre ao desespero dos chefes petistas presos é arrastar o conjunto dos militantes ao caminho do velho autoritarismo revolucionário para impor a versão do partido contra as evidências da Verdade, contra os juízos de Racionalidade, contra a Justiça, contra a Lei e contra o Estado Democrático de Direito.
É uma aventura perigosa; e é, para os fanáticos, uma tentação.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
A Festa da 5ª edição da ROCHA 100 - Revista 100 Fronteiras. Polêmica reaberta: revisar Lei da Anistia é veneno contra a democracia
A revista, editada pela Sal da Terra, com tiragem de 5 mil exemplares, está também disponível eletronicamente em www.portal100fronteiras.com.br
Esta 5ª edição traz um reportagem muito importante sobre a atuação da Comissão da Verdade da Paraíba, enviada pelo diligente advogado e historiador Waldir Porfírio. E dá continuidade à polêmica da revisão ou não da Lei da Anistia. Martinho Campos e José Calistrato tomam posição pela revisão da Lei, eu tomo posição contra a revisão da Lei. Na verdade, apenas reproduzi, com alguns acréscimos, um post que já havia publicado aqui, o qual, por sua vez, reproduz trechos do meu livro "A Comissão e a Verdade - Sobre Anos de chumbo e Anistia". Segue o post reformulado, ou seja, o artigo, tal e qual publicado na ROCHA 100 - Revista 100 Fronteiras.
Anistia Ampla, Geral e Irrestrita foi conquista do povo brasileiro:
revisar a Lei da Anistia é veneno contra a democracia
Martinho Campos e eu fomos convidados pela Comissão da Verdade da Paraíba para prestar depoimento sobre as perseguições sofridas durante a ditadura militar, nos “anos de chumbo”. Prestamos tal depoimento no dia 19 de setembro, pela manhã, na Associação Paraibana de Imprensa, a velha API de tantos debates e embates, de tantos eventos históricos, que tanto tem servido à Democracia e à Liberdade. Martinho foi um destacado dirigente do PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista), tendo participado das lutas camponesas na Paraíba e outros estados do Nordeste ainda antes de 64. Foi preso em 1963, e várias outras vezes depois do golpe militar. Foi seguidamente torturado. Aos 71 anos, no que pese os cabelos brancos, Martinho demonstra vigor e ânimo juvenis. Seu depoimento, circunstanciado e minucioso, foi pungente. Na ocasião, aliás, recebi de Arthur Cantalice uma sugestão que repasso à Comissão da Verdade: depoimentos como esses deviam ser feitos, também, perante plateias maiores, em colégios e universidades, por exemplo.
Não irei refazer aqui o depoimento que fiz lá, vou apenas dar prosseguimento a uma polêmica antiga reaberta pelo meu depoimento: a revisão da Lei da Anistia. Eu sou contra e já escrevi um livro sobre o tema, que agora retomo. Do meu depoimento, farei apenas um pequeno registro, como forma de agradecimento.
Declarei minha posição contra a revisão da Lei da Anistia sabendo que, naquele ambiente, estaria amplamente minoritário. Com efeito, o sentimento pela revisão da Lei da Anistia é amplamente majoritário no âmbito das Comissões da Verdade, das inúmeras Comissões da Verdade criadas na esteira da Comissão Nacional da Verdade. É tão majoritário nesse âmbito quanto minoritário é no conjunto da sociedade. O povo brasileiro, que no distante ano de 1979 ocupou as ruas do Brasil clamando por Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, ficou bem feliz e comemorou a vitória quando da edição da bendita Lei. Comemoração que se estendeu por meses a fio, que se renovava a cada momento em que era libertado um prisioneiro político, a cada momento em que voltava um exilado. Enfim, todos os prisioneiros políticos foram libertados, todos os exilados voltaram. Essa Lei de Anistia abriu para nós o caminho da redemocratização. Essa Lei de Anistia foi das mais benéficas da história do Brasil e da história da democracia no mundo. Pretender sua revisão depois de mais de três décadas é um despropósito. Eu escrevi um livro sobre esse despropósito, portanto, limito-me agora a indicar o livro aos interessados. O título é"A Comissão e a Verdade - sobre 'anos de chumbo' e Anistia"; e está disponível em www.portal100fronteiras.com.br. Entendo que a revisão da Lei da Anistia possa se justificar à luz dos interesses do marxismo-revolucionário, que protagonizou a luta armada contra a ditadura militar. Todavia, à luz dos interesses da democracia, não se justifica; e no meu livro explico porque. Acho mesmo que a revisão da Lei da Anistia é veneno para a democracia, e espero que meu livro seja uma espécie de contraveneno. Para atiçar a curiosidade dos leitores, cito alguns trechos:
"No Brasil, em 1979, a exigência de punição dos agentes da ditadura colocaria em risco a transição pacífica e negociada. A prudência - que em grego se diz 'phrónesis', e foi elevada por Aristóteles à condição de máxima virtude política - prevaleceu; e o povo, ainda mais que os seus líderes, optou pela transição pacífica e negociada. Querer, mais de trinta anos depois, invalidar retroativamente uma negociação concluída e frutificada, é um despropósito".
"A campanha pela revisão da Lei de Anistia tem dupla matriz: a) um sentimento de justiça; b) um oportunista projeto político-ideológico de retomar o confronto; ou seja, revanche: estando agora a esquerda em condições de vantagem".
"A esquerda revanchista, defensora da revisão da Anistia, não quer resgatar a verdade, quer recuperar os tempos e a guerra. Se conseguir, pode vencer a guerra, e implantará uma ditadura revolucionária. Mas pode também perder a guerra, com a possível sobrevinda de uma ditadura contrarrevolucionária. De uma ou de outra forma, a democracia perderá".
"As organizações marxistas revolucionárias (bolcheviques) que fizeram o enfrentamento armado com a ditadura militar não lutavam por democracia, mas pela implantação de uma ditadura revolucionária, dita "ditadura do proletariado".
"'XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu': Deverá o furor da justiça retroativa sobrepor-se à letra da Constituição Soberana? Deverá a Lei da Anistia ser revisada para punir exemplarmente agentes do Estado ditatorial que torturaram e assassinaram? Ou para punir exemplarmente militantes revolucionários cujo acendrado idealismo os levou a cometer crimes de terrorismo naqueles longínquos 'anos de chumbo'? Não será possível abominar a tortura e o terrorismo sem essas tardias punições exemplares? Não terá o amor à democracia nos ensinado a abominar todas as ditaduras - de direita e de esquerda -, e não apenas determinadas ditaduras?"
"Todavia, pensar que, uma vez revisada a Lei de Anistia, seja possível punir outros crimes mas não esses; tal pensamento seria um aviltamento dos juízos e uma afronta à memória dessas vítimas. Nem por serem poucas serão indignas. Que se chorem as vítimas da ditadura, que se as lembrem, que se as honrem, que em nome delas se peça reparações. Porém: Márcio, Carlos Alberto, Francisco Jacques, Salatiel; e ainda outras vítimas inocentes da esquerda revolucionária? Não se deverá chorar por elas? Não merecem ser lembradas? Não merecem honra? Não haverá quem, em nome delas, peça reparações?".
No meu livro, cito, dentre outras, esta lição de Norberto Bobbio: "Agora que a esquerda revolucionária reconheceu os direitos da liberdade, quer todos os direitos, e imediatamente. Inclusive o direito de impunidade que foi sempre a prerrogativa dos soberanos e dos déspotas"
Não é digno, não é decente o clamor por justiça seletiva. Se querem a verdade, as Comissões da Verdade não podem investigar os crimes da ditadura com uma mão e esconder os crimes da esquerda revolucionária com a outra. Da parte da democracia, interessa que o relatório da Comissão Nacional da Verdade seja inteiramente verdadeiro. Assim sendo, servirá para afastar do horizonte da Pátria a sombra das práticas de crimes de terrorismo de Estado e a sombra das práticas de crimes de terrorismo revolucionário. E afastar a sombra de todas as ditaduras: de direita ou de esquerda, nazi-fascista ou bolchevista, dos militares ou do proletariado.
domingo, 3 de novembro de 2013
Deus Seja Louvado por termos Rachel Sheherazade - ou a intolerância dos laicistas nanicos "politicamente corretos" - ou, ainda, a intolerância liliputiana de abaixo-assinados para demitir jornalistas
Não que eu concorde em tudo com o que pensa e diz a Rachel; mesmo porque, em tudo, eu não concordo nem comigo mesmo. Mas ela diz com força de convicção e argumenta com segurança. Ainda por cima, a moça é bonita que faz gosto. Deus Seja Louvado!
Essa frase - Deus Seja Louvado! - é, aliás, o assunto de um dos comentários da Rachel nos vídeos apresentados no texto de Reinaldo Azevedo. Vejam só: em 2012 o Ministério Público Federal requereu na Justiça o expurgo da bendita frase das cédulas de real. Fez isso alegando o princípio da laicidade do Estado. Segundo a Procuradoria, a inscrição da frase nas cédulas atentaria "contra os princípios da igualdade e da não exclusão de minorias". Um procurador lá, especialmente obtuso ou escandalosamente cínico, afirmou que a medida visava "proteger a liberdade religiosa de todos os cidadãos". Putaquipariu! Tem de ser muito imbecil para achar que o nome de Deus numa cédula atenta contra a liberdade religiosa de alguém. Pois, a Rachel, no referido vídeo, passa um sabão em regra na laicidade fajuta e termina por concordar com o ex-presidente José Sarney: "É coisa de quem não tem o que fazer".
Foi o então presidente Sarney quem, em 1986, ordenou a inclusão da frase nas cédulas. Fez muito bem. E outra coisa boa que tem o Sarney, é que cultiva o Padre Antônio Vieira. Quem gosta de Vieira, só por isso já será perdoado de muitos pecados.
Os laicistas brasileiros que brigam para arrancar uma frase de uma cédula são movidos por uma feroz imbecilidade, aquela da doutrina do "politicamente correto", que, a pretexto de salvar o mundo, não hesitará em levar os habitantes do mundo para o inferno. O Estado laico é um fundamento da Democracia. O filósofo cristão Iremar Bronzeado remete este fundamento ao enunciado de Jesus: "A César o que é de César e a Deus o que é de Deus". A democracia é fundamentada não apenas em leis, mas também na história, costumes e tradições. O nome de Deus em uma cédula não ameaça a democracia; o fanatismo, sim. A democracia norte-americana, por exemplo, talvez não sobreviva à espionagem do Obama, mas nunca foi ameaçada pela inscrição do nome de Deus nas cédulas de dólar: "In God we trust" ("Em Deus nós confiamos"). Também não sei se existe algum ateu tão fanático a ponto de deixar de receber notas de dólar ou real por ojeriza ao nome de Deus.
Arremeter contra o nome de Deus numa cédula remete a tradições de intolerância e fanatismo, não a tradições democráticas. Os intolerantes perseguem tudo o que os incomoda, os fanáticos brigam por qualquer motivo. Na sátira de Jonathan Swift, em "As aventuras de Gulliver", lá na ilha de Lilliput, país de nanicos, os nanicos fanáticos pontagrossenses entram em guerra com os nanicos fanáticos pontafinenses por discordarem por qual das pontas se deve quebrar o ovo. Os laicistas fanáticos, moralmente nanicos, querem negar uma tradição secular do povo brasileiro e abrir uma guerra de intolerância contra imagens e símbolos cristãos. Já conseguiram arrancar crucifixos de paredes e não sossegarão enquanto não implodirem o Cristo Redentor. Sempre com as melhores intenções, sempre conforme à doutrina "politicamente correta", que tem sido o melhor estrume das mentes vagabundas neste início de terceiro milênio.
Voltando a Rachel Sheherazade, ela trabalhava na filial pessoense do SBT e foi levada por Sílvio Santos para a matriz justamente pela repercussão de um desses seus comentários arrasadores. De lá pra cá, em umas 1001 noites de SBT Brasil, ela tem incomodado muita gente ruim e muita gente besta. Não é de estranhar que tenha quem queira vê-la no olho da rua. Tem até abaixo assinado de ativistas patrulheiros exigindo a demissão da moça.
Parêntese: fazer abaixo assinado exigindo demissão de jornalistas por questões de opinião é de uma intolerância nauseabunda; coisa típica de nanicos liliputianos.
Mas haverá de ter também quem exija a permanência da jornalista no seu emprego; e é o público, o público em geral, não este ou aquele setor ou grupo organizado. Não pelas opiniões da jornalista, mas porque ela tem o direito de ter opiniões e, em sendo profissional da comunicação, tem o dever de expressá-las. Sem ter medo de patrulhas, é apenas ao público e à sua consciência que Rachel Sheherazade tem servido. E é isso que lhe compete, é isso que a honra.