Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A rebeldia de Marta e a cobrança dos sabujos

Convidada para o lançamento da candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo, sábado - 02, a senadora Marta Suplicy não foi e não deu satisfação. Estavam lá, além do candidato, o chefão Lula e outros chefes petistas, inclusive o nº 2 Zé Dirceu. Ansiosamente esperada, Marta deixou desesperado um candidato que conta com ela como tábua de salvação de uma candidatura naufragada, que se vai afogando em 3 míseros por cento.
Como Marta deixou o candidato 3 por cento a ver navios, os petistas passaram a cobrar e a falar mal dela. Não ainda um ataque violento. Edinho Silva, presidente do Diretório Estadual do PT, por exemplo, disse que "Marta erra politicamente". As falas dos petistas contrariados vão no sentido de enquadrar Marta Suplicy. Exigem dela "coerência partidária", "companheirismo", "dedicação à causa". Essa conversa, aparentemente bonita, é, no contexto político da indicação de Haddad, uma nova afronta a Marta e uma confirmação de sabujice com que agiram os que hoje se inconformam com o desinteresse da senadora por uma candidatura de araque. O contexto referido é bem conhecido, mas cabe resumir.

Ex-prefeita de São Paulo, Marta era favorita na disputa pela sucessão do prefeito Gilberto Kassab. Em todas as pesquisas de intenção de voto, a ex-prefeita aparecia em primeiro lugar com mais de 30 por cento das intenções. Aí veio o dono do PT e - provando que o PT não é um partido, mas um curral - impôs o seu favorito. O nome que os vassalos tiveram de engolir é tão ruim que, tendo o PT um patamar histórico de cerca de 30% do eleitorado paulista, Fernando Haddad começou com 4% e conseguiu, com o apoio de São Luiz Inácio, o milagre de descer para 3%.
A senadora tentou resistir, alegando o óbvio: que não se troca uma candidatura que tem 30% de intenção de voto por outro que tem 3%. Não adiantou, foi tratorada. Magoada, recolheu-se. Foi esse seu erro. Não devia ter se recolhido, devia ter resistido, devia ter mandado Lula ir cuidar da saúde, devia seguir até a convenção, para bater chapa. Mas ensaia uma rebelião. Se esta rebelião vingar, não dará mais para levar Marta à convenção, não terá como salvar o PT paulista da derrota e do desastre. Todavia, uma Marta rebelada salvará sua dignidade, sairá da vala comum dos sabujos, dos que deixaram de pensar para seguir cegamente "Il Duce".
O cerco de cobranças dos petistas sobre Marta vai crescer, exigindo que ela salve um Haddad sem salvação, ameaçando culpá-la por uma derrota que não foi ela quem construiu. Poderá a culta sexóloga responder com a simplicidade dos ditos populares: "Quem pariu Mateus que o embale".


  

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