Blog Rocha 100
“No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Herbert Lins, Alexandre Guedes, Luiz Carlos Prestes e a nostalgia comunista
"O comunismo é a primavera da humanidade"
Eu, que fui comunista na minha adolescência e juventude, emocionei-me e até senti vontade de chorar. Mas contive a emoção ao lembrar que tal primavera, inaugurada com a revolução bolchevista de 1917 na Rússia, abriu as portas não de um paraíso de liberdade e igualdade, mas sim um inferno de servidão, escravidão, degradação, prisões, torturas e extermínios em massa.
Nada obstante, o ideal comunista continua, teoricamente, lindo: o paraíso na terra. O chato é que, antes de chegar ao paraíso, as revoluções marxistas-leninistas precisam passar pelo inferno da "ditadura do proletariado", como consta da ortodoxia doutrinária. Desde lá se vai quase um século, em seguidas experiências, a fase infernal do bolchevismo nunca falhou; já a fase do primaveril paraíso...
Entretanto, quis me parecer que o comunismo de Herbert Lins limita-se à nostalgia. Para efeitos atuais e práticos, seu discurso é bem outro. Falando da Associação Cultural José Martí Brasil-Cuba, diz que é "uma entidade de intercâmbio cultural com a ilha cubana que convive com a ditadura dos irmãos Castro, disfarçada de socialismo".
Herbert começa por lembrar o pai, o saudoso Coronel Lins, um intelectual de esquerda que iniciou o filho na doutrina marxista-leninista. Não sei se Herbert continua bolchevista; pela visão que tem do regime de Cuba, quero crer que não. Socialista, sim. Mas deverá ser mais pela linha do liberal-socialismo de Norberto Bobbio, o qual considera que "sem democracia não há socialismo". Eu, que deveras aprecio o pensamento de Bobbio, vou enviar mensagem a Herbert indagando sobre esse ponto.
Com Herbert, compartilho não só o desprezo pela ditadura dos irmãos Castro como a admiração por Alexandre Guedes. Apesar de Alexandre Guedes ser devotado ao regime cubano. Que se há de fazer? Meu amigo Alexandre é excelente em variados aspectos e deve ser admirado por variados motivos. Dele, diz Herbert: "Alexandre Guedes, vanguarda esquerdista jovem da Paraíba". Concordo, embora Alexandre já seja cinquentão e careca. Aliás, ele é a cara de Vladimir Ilitich Ulianov, que tinha um irmão chamado Alexandre, revolucionário assassinado pela repressão czarista.
Diz ainda Herbert: "Alexandre Guedes é um advogado militante nos direitos humanos, filósofo e grande conhecedor de administração pública".
E explica o relacionamento político deles: "Mesmo em campos diferentes, mas com ideais comuns, que visam acabar com as desigualdades e injustiças sociais ainda gritantes em nosso país".
Concordo plenamente, acrescentando que essas desigualdades e injustiças sociais são, em parte, alimentadas por uma corrupção desenfreada, como a que se chamou de mensalão e está sendo julgada no Supremo Tribunal Federal com o nome técnico de Ação Penal 470. Aliás, os primeiros votos dos ministros-juízes no dito julgamento foram de molde a abrir a expectativa de que a corrupção desenfreada, finalmente, irá receber freios.
Não está claro, no post de Herbert, em que campo diferente do de Alexandre ele está. Sei qual é o campo de Alexandre: é o PT. Mas o campo do PT não é inteiriço, é todo dividido. De forma geral, abomino a política do bloco petista-autoritário Lula-Dirceu-Ruy Falcão. Mas aprecio alguns filiados do PT, a começar pela Presidente Dilma Rousself. De alguns petistas, além de admirador, sou amigo; é o caso de Alexandre Guedes. É o caso também do meu candidato a vereador. Pois é, não apenas voto como estou pedindo votos, fazendo toda campanha possível para o meu amigo Mestre Fuba, das Muriçocas do Miramar; um sujeito formidável, apesar de ser filiado ao PT.
Em Alexandre pretendo votar em 2014, para senador. Existe uma movimentação no PT e fora do PT para a viabilização do nome de Alexandre Guedes para a próxima disputa senatorial. Essa movimentação deverá crescer após as eleições do próximo mês. Contará com meus esforços.
Certamente, precisarei fazer também algum esforço para superar as diferenças com meu candidato em relação à questão dos direitos humanos em Cuba. Lá, na ditadura dos irmãos Castro, direitos humanos são largamente desrespeitados sem que a esquerda brasileira reclame. É um tema delicado. Ocorre que a devoção castrista é uma febre que acomete 9 em 10 intelectuais da esquerda brasileira. Um traço já histórico, de difícil erradicação.
Todavia, que Alexandre Guedes, em sendo eleito senador, lute, com o destemor que lhe é característico, em defesa dos direitos humanos no Brasil, já valerá a pena.
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