Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

domingo, 24 de janeiro de 2016

A alma morta de Lula e a legião de zumbis

por Washington Rocha
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Todo mundo já sabe da proclamação de honestidade do ex-presidente feita a blogueiros amigos na quarta-feira passada, 20/01, no Instituto Lula, mas vale reproduzir:

"Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”.

Ninguém no mundo levou a sério tal declaração. Todo mundo sabe que Lula não é tão honesto quanto proclama, inclusive porque o próprio o tem demonstrado exemplarmente. Listar todos os exemplos conhecidos das atitudes pouco honestas de Lula seria muito extenso, baste este, contado pelo próprio, no mesmo Instituto, para plateia igualmente amiga (declaração amplamente divulgada e disponível em vídeo em vários sites):

"Como eu fui oposição muito tempo, eu cansei de viajar o mundo falando mal do Brasil, gente, era bonito a gente viajar o mundo e falar…no Brasil tem 30 milhões de crianças de rua, a gente nem sabia, tem não sei quantos milhões de aborto, era tudo clandestino mas a gente ia citando números, se o cara perguntasse a fonte a gente não tinha, mas a gente ia citando número".

Tal atitude, certamente, não é exemplo de honestidade. E Lula contou isso em tom debochado, dando risadas; no que foi acompanhado pelos seus admiradores.

Para mal dos pecados, dois ou três dias depois da proclamação de honestidade do ex-presidente, o Ministério Público de São Paulo, através do promotor Cássio Conserino, deu a conhecer que já reuniu provas suficientes para denunciar Lula por ocultação de patrimônio, por causa do famoso tríplex do Guarujá.

Politicamente, Lula é uma alma morta. Seus seguidores vão se resumindo a uma seita de fanáticos, uma legião de zumbis.


domingo, 17 de janeiro de 2016

A carta dos advogados da plutocracia e o Partido dos Plutocratas - ou, novamente os porcos de Orwell

por Washington Rocha
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Um grupo de advogados lançou um manifesto de título comprido - "Carta aberta...etc." - atacando a Operação Lava Jato. Embora não tenha o nome mencionado, o alvo principal do manifesto é o juiz Sergio Moro. Outro alvo é a imprensa, acusada de realizar um "massacre midiático". As respostas não demoraram, algumas bem duras, como as da Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Consta que alguns magistrados têm considerado o manifesto como expressão de "uma coragem seletiva e uma covardia qualificada". Eu mesmo, não vejo bem onde esteja a coragem, ainda que seletiva. Trata-se, a meu ver, da extensão espalhafatosa da defesa que alguns dos advogados subscritores já fazem, profissionalmente, dos empresários e políticos envolvidos na corrupção do petrolão. Os ricos e poderosos, claro, têm direito de constituir advogados.

O site O Antagonista conta que quem redigiu a "Carta aberta.." dos advogados foi o não muito conhecido Maurício Ferro, advogado da Odebrecht. Porém, o grande articulador do lançamento da dita Carta, e que se tem colocado na linha de frente do ataque à Operação Lava Jato, é Antonio Carlos de Almeida Castro, o famoso Kakay, advogado de grife, na linha Romanée-Conti.

E aqui chego aonde queria chegar. A Odebrecht é a empresa preferencial dos governos petistas. O chefe do do PT, Lula, é unha e carne com os executivos da Odebrecht. O advogado Kakay, que ora representa alguns envolvidos na Lava Jato, é amigo do peito de vários petistas ricos, como José Dirceu. E vejam, os maiorais petistas estão ricos de fazer inveja. Lula, que ficou rico dando palestras, leva uma opulenta vida de burguês, em jatinhos no céu ou em iates no mar, sempre na companhia de gente podre de rica. Dirceu, no momento, passa por um perrengue em Curitiba, mas, havendo feito fortuna com consultorias, tinha vida de luxo. Antonio Palocci também fez fortuna com consultorias. Recentemente foi revelada uma forte relação entre o burguês Léo Pinheiro, da OAS, e Jaques Wagner; e também que Wagner recebeu de presente do burguês Ricardo Pessoa (amicíssimo de Lula, diga-se) , dono da UTC, três garrafas do vinho Vega Sicilia Gran Reserva 2003, que custaram a bagatela de R$ 6.797,84. Isso para falar nos petistas ricos mais famosos. E note-se que esses petistas burgueses estão, há bastante tempo, enfronhados com outros badalados políticos burgueses, como Collor de Mello e Paulo Maluf.

A simbiose entre políticos, empresários e advogados caros é o que existe de mais típico na corrupção capitalista mais estereotipada; que o diga o cinema de Hollywood.

Essa turma na qual os chefes petistas estão colados não são simples burgueses, são a nata da burguesia brasileira: está aí formada a plutocracia, que é o governo dos mais ricos. O PT, faz tempo, deixou de ser Partido dos Trabalhadores, tornou-se Partido dos Plutocratas. Quem quiser ver, é só olhar.

E aqui chegamos aos porcos do livro Animal Farm (A Revolução dos Bichos), de George Orwell, tantas vezes já por mim citado. Para quem não leu ou não lembra mais, recordo que os porcos revolucionários no poder, após apropriarem-se dos privilégios que haviam sido do dono da granja, passam a manter relações de interesse e de amizade com granjeiros vizinhos. No final do livro está descrita a surpresa dos outros bichos ao espiar, pelas frestas da janela, uma animada reunião entre porcos e homens que descamba para confusão quando, no jogo de cartas, apela-se para o roubo. Vejam, como reproduzido do site DHnet:


"Realmente, era uma discussão violenta. Gritos, socos na mesa, olhares suspeitos, furiosas negativas. A origem do caso, ao que parecia, fora o fato de Napoleão e o Sr. Pilkington haverem, ao mesmo tempo, jogado um ás de espadas.
Doze vozes gritavam cheias de ódio e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco".










 


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Charge contra Deus: Charlie Hebdo tem direito de ser imbecil. E Viva a Liberdade de Expressão!

por Washington Rocha

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O jornal Charlie Hebdo inaugurou 2016 com a charge abaixo reproduzida (pescada no site O Antagonista).



"Um ano depois. O assassino ainda está solto"


Eu acho essa charge imbecil, mas também acho que o jornal tem todo o direito de fazer as charges que quiser fazer. Nem entendo porque quem acredita em Deus haveria de se abalar com uma charge besta como essa. Já vi, produzidas aqui mesmo no Brasil, charges e outras peças de humor muito mais agressivas de grupos de ativistas ateus. Não me abalei e até chamo a favor dos humoristas ateus a frase do deísta Voltaire: "Não concordo com uma única palavra do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-las".

Uma imagem, dizem, vale por mil palavras. Todavia, o editor do Charlie Hebdo, Laurent Sourisseau, não confiou nesse brocardo e escreveu, também com todo o direito, um editorial para explicar a charge. O editorial de Sourisseau é tão imbecil quanto a charge. Esta, aliás, por ter sido feita, presumivelmente, por ateus, já estaria invalidada pela metade, pois, como se sabe, os ateus, vejam só, não acreditam em Deus; e se Deus não existe não pode ter sido o assassino. A outra metade, da charge e do editorial, pretende por em todas as religiões do mundo a culpa pelo atentado do qual o jornal foi vítima em janeiro de 2015. E isto é uma cretinice, com uma pitada de covardia, pois divide com quem não tem culpa a culpa bem localizada do grupo de fundamentalistas islâmicos que praticou o ato terrorista.

A questão filosófica/teológica de Deus permitir que o mal exista é milenar, "nimiamente extensa" (para usar uma expressão de Machado de Assis, um ateu de minha particular veneração), não é o caso de retomá-la aqui. Comentarei apenas duas frases do texto de Sourisseau; primeiro, esta:

"As convicções dos ateus e dos laicos podem mover ainda mais montanhas que a fé dos crentes";


As convicções sempre movem. Tanto no caso dos crentes quanto no caso dos ateus, movem para o bem ou para o mal. Então, no caso de assassinatos, que é o tema da charge e do editorial, cabe comparar. Comparem os assassinatos movidos por convicções religiosas ao longo de toda a história com os assassinatos movidos, apenas no séc. XX, por convicções ateístas dos regimes de terror de Stalin na União Soviética, de Mao Tse-Tung na China, de Pol Pot/Khmer Vermelho no Cambodja, e outros regimes assassinos comandados por ateus convictos. As montanhas de cadáveres das vitimas dos ateus convictos são espantosamente mais largas, horrorosamente mais altas, desesperadoramente maiores do que quaisquer montanhas de desgraças já vistas, lembradas ou registradas em todos os séculos. Pesquisem, é fácil.

Na outra frase que resolvi comentar, Sourisseau defende a laicidade contra "fanáticos embrutecidos pelo Corão e os carolas de outras religiões que desejaram a morte do jornal por ousar rir das religiões".

Eu defendo a laicidade e entendo que ela garante que o Estado não interfira na crença ou descrença de ninguém. Em um Estado laico e democrático, todos estão livres para não acreditar em Deus e proclamar seu ateísmo; e também para acreditar em Deus e proclamar sua fé religiosa. Todavia, ambos os grupos, de ateus e de crentes, estão, no Estado Democrático de Direito, impedidos de praticar crimes previstos em lei; sob quaisquer alegações, religiosas ou anti-religiosas. É muito bom que Sourisseau defenda a laicidade, mas é muita estupidez acusar, genericamente, "carolas de outras religiões" de desejarem "a morte do jornal". O mundo sabe, o mundo viu milhões de "carolas" de muitas religiões se manifestando em solidariedade ao Charlie Hebdo, repudiando o atentado, chorando pelas vítimas: "Je suis Charlie". Será que Sourisseau não lembra?

Eu mesmo, que sou um "carola" cristão, uni-me à imensa corrente de solidariedade ao Charlie Hebdo. E continuo solidário. Desejo ao Charlie Hebdo, a todos que o elaboram, um Feliz Ano Novo, uma longa vida. Desenhando e escrevendo o que lhes der na telha.

Je suis Charlie! Vive la France! Liberté, Égalité, Fraternité!  


   

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Schwartsman, os porcos de Orwell e a porca intolerância da esquerda chapa-branca

por Washington Rocha
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O artigo "O Porco e o Cordeiro", publicado pelo economista Alexandre Schwartsman na sua coluna na Folha de São Paulo, em 16/12/2015, causou uma das mais acesas polêmicas no final do ano que se foi. O episódio demonstrou mais uma vez a sanha autoritária da esquerda brasileira chapa-branca. A polêmica foi, e ainda está sendo, ótima. Ruim foi, e continua sendo, a tentativa de um grupo de professores e intelectuais de vencer a polêmica através da censura ou demissão do autor do artigo. E qual o motivo do furor liberticida desses intelectuais? No referido artigo, criticando a política econômica dos governos petistas, Schwartsman lança mão da alegoria usada por George Orwell no livro Animal Farm (A Revolução dos Bichos) e retrata os economistas petistas como porcos. O livro de Orwell, um clássico da literatura política (leitura obrigatória para todos os democratas, liberais e libertários), mostra a perversidade da Revolução Russa de 1917, inclusive desmascarando o pretenso igualitarismo comunista, sendo os bolcheviques retratados como porcos que, uma vez no poder, apropriam-se de todos os privilégios e impõem sobre os demais bichos uma feroz tirania, sob o lema: "Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais". Pois, alguns bichos da esquerda chapa-branca enviaram ao jornal Folha de São Paulo uma "NOTA DE REPÚDIO". A nota, que reclama das alegorias de Schwarstman, ataca sem alegoria, com termos tais como "covarde", "vil", "sordidez", "torpeza". Para o final, vem a insinuação da necessidade de punição ao colunista; assim: "Repudiamos a conivência da Folha de São Paulo e do respectivo editor na prática de tamanha torpeza...". Ora, o que poderiam fazer a Folha e o respectivo editor para não serem "coniventes" com o seu colunista? Censurar ou demitir, é claro. Tão claro como é clara a inclinação autoritária do poder lulopetista. Faz tempo, aliás, que o PT e seus satélites da esquerda bolchevique estão em campanha para restabelecer a censura dos tempos da ditadura (coisa que eles, em linguagem de porco, chamam de "controle social da mídia" e "marco regulatório").  

A "NOTA DE REPÚDIO" está disponível no site Plataforma Política Social (com 162 assinaturas, pela minha última leitura). Pelos nomes mais famosos que assinam, pode se ver que se trata da franja de seda da esquerda lulopetista, a turma ligth. Se a banda light é capaz de subscrever uma nota porcamente intolerante, persecutória, machartista; imaginem do que não é capaz a banda podre. Quer dizer, nem precisa imaginar, basta olhar e ver.

Todavia, felizmente, a nota chapa-branca teve pronta resposta dos defensores da liberdade de expressão; em uma Petição Pública - "POR UMA DEMOCRACIA SEM MORDAÇA" -, que já conta com muitas centenas de assinaturas.

Os liberticidas não terão vida fácil.