Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O TEATRO TÉTRICO DO ÓDIO PETISTA E A JUSTA INDIGNAÇÃO: "...de quem se envergonha de ver o seu país ser cúmplice de um governo tirano como é o da Venezuela, de sustentar ditaduras falidas..." - artigo de Catarina Rochamonte

Sobre PT e democracia


Recebi algumas críticas duras em relação ao meu texto anterior cujo título era “lutar pela democracia é lutar contra o PT, mas acredito que todos aqueles que têm se exposto em redes sociais levantando a bandeira do anti-petismo têm sofrido uma avalanche de críticas e repreensões. Já fui chamada de “diretosa”, desprovida de honestidade intelectual e também de indigente ideológica, mas a última expressão é apenas um dos muito cacoetes repetidos pelos petistas. Após ter sido xingada, vi uma expressão parecida em uma frase de Leornardo Boff: querer tirar o PT do poder, ao invés de discutir propostas para o Brasil era, segundo ele, sintoma de indigência espiritual. Bom, indigência ideológica ou espiritual, o fato é que se escamoteia com esses chavões a legitimidade de se tomar por uma causa política séria e coerente a luta contra um partido que vem sistematicamente tentando se colocar acima do Estado Democrático, acima das instituições, acima da lei. Isso não é uma acusação gratuita, mas é algo fartamente comprovado tanto nas atitudes como no discurso dos governistas.
Há uma distorção enorme das palavras e das coisas. A justa indignação de alguém que não se quer representado por um partido que instaurou uma organização criminosa dentro do governo para se manter no poder por meio da corrupção; a justa indignação de quem se envergonha de ver o seu país ser cúmplice de um governo tirano como é o da Venezuela, de sustentar ditaduras falidas e governos párias com o dinheiro dos nossos impostos e de tentar afirmar a sua soberania frente aos EUA alinhando-se com o que há de mais retrógrado, autoritário e malsão na América Latina e no mundo; a justa indignação de alguém que vê o seu país divido em elite X classe trabalhadora, negro X branco, nordestino X sulista, médico X paciente, etc; essa justa indignação, eu dizia, é tomada como um ódio gratuito, escamoteando mais uma vez que se há um discurso de ódio é principalmente dos militantes do PT. Basta ver como um exemplo típico e caricatural o vídeo já muito conhecido em que a suposta filósofa Marilena Chauí esbraveja seu ódio à classe média, chamando-a de abominação. O mais ridículo é que esse teatro tétrico e cômico é repetido em diversas ocasiões, mostrando que além de grotesca a piada não é espontânea.
De todo modo, vou conter um pouco a minha justa indignação e pontuar alguns elementos para os quais a população deverá estar alerta caso Dilma Roussef seja reeleita
1 – Plano Nacional dos Direitos Humanos 3: O PNDH3 foi instituído em 21 de dezembro de 2009 por meio do decreto 7.037 assinado pelo então presidente Lula. Exalta-se como uma das maiores conquistas práticas do PNH3 a instalação da Comissão Nacional da Verdade, comissão altamente parcial que apura os crimes cometidos por agentes do Estado na época da ditadura, mas não apura o crime dos guerrilheiros. Algumas “pérolas” desse plano são tratar a legalização do aborto e da prostituição como uma conquista dos direitos humanos, impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos sob o pretexto de assegurar a laiscização do Estado, etc. Segundo o renomado jurista Ives Gandra Martins, trata-se de um "protótipo do golpe comunista" que estaria sendo orquestrado pelo governo federal. Para o jurista, “o plano é uma reprodução dos modelos constitucionais venezuelano, equatoriano e boliviano, todos inspirados num Centro de Estudos de Políticas Sociais espanhol, para o qual o Poder Executivo é o único poder, sendo Judiciário, Legislativo e Ministério Público poderes vicários, acólitos, subordinados. No programa, pretende-se fortalecer o Executivo, subordinar o Judiciário a organizações tuteladas por "amigos do rei", controlar a imprensa, pisotear valores religiosos, interferir no agronegócio para eliminá-lo, afastar o direito de propriedade, reduzir o papel do Legislativo e aumentar as consultas populares no estilo dos referendos e plebiscitos venezuelanos, além de valorizar o homicídio do nascituro e a prostituição, como conquistas de direitos humanos!”
2 – decreto de n°8.243: Em 31 de maio de 2014, o Estadão publicava o seguinte editorial: Mudança de regime por decreto. O texto inicia dizendo que a presidente Dilma quer modificar o sistema brasileito de governo e que, tendo desistido da Assembleia Constituinte para a reforma política (que hoje, já sabemos, ela não desistiu) tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O tão debatido decreto, assinado em 23 de maio de 2014, cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Segundo o texto desse editorial trata-se de “um conjunto de barbaridades jurídicas”, do “mais puro oportunismo” que busca “impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser uma democracia”. Ainda segundo o editorial, o decreto é abusivo por ferir a igualdade democrática (uma pessoa, um voto) e por aumentar o poder executivo, já que os “movimentos sociais” são claramente subordinados ao Partido (Governo). De fato, aqui se está diante de um conflito de ideias e de interpretações, de um embate sobre o sentido mesmo de democracia, compreendida por alguns como necessariamente representativa e constituicional e por outros como necessariamente participativa e direta. A primeira está de certo modo em desvantagem, pois, conforme assevera José Antônio Giusti Tavares em seu excelente artigo intitulado Partidos totalitários em democracias constitucionais, "a democracia constitucional é a mais complexa e delicada dentre as formas políticas e muito dificilmente pode competir pela preferência do homem comum com o totalitarismo, que recorre a uma simplificação brutal da realidade política, substituindo a informação e a análise racional pelo apelo direto ao inconsciente e à emocionalidade de indivíduos mergulhados em situação de massas"Não posso, pois, deixar de expor aqui uma foto do movimento SOS venezuela que ilustra um pouco a compreensão da nossa atual presidente acerca do significado de democracia:

A dificuldade maior em desvencilharmo-nos da armadilha em que estão nos metendo é a crença obstinada de alguns militantes de que a PNPS intituída pelo decreto seria uma radicalização da democracia, como se fosse possível radicalizar algo que em sua essência é um equilíbrio. Não! trata-se antes de um engodo, de um caminho já trilhado pelo agora chamado “socialismo do século XXI” cujo expoente máximo é a Venezuela dos companheiros Hugo Chavez e Nicolás Maduro, país em que a ex deputada de oposição María Corina Machado teve o seu nariz quebrado por uma parlamentar chavista enquanto estava caída na Assembleia Nacional depois de ter levado chutes dos defensores de Maduro, o qual cassou o seu mandato simplesmente por ela fazer-lhe oposição. (Corina enviou uma carta apoiando a candidatura de Aécio Neves)

É esse regime de governo que o hipócrita Luís Inácio Lula da Silva foi apoiar em cadeia nacional na Venezuela. É esse regime de governo que não respeita as liberdades civis e políticas, que desconsidera o equilíbrio entre os três poderes, que não respeita a liberdade de imprensa, que frauda eleições, que prende, cassa mandatos e manda matar opositores; é esse regime que inspira os petistas e que é aplaudido pela atual candidata à reeleição no Brasil. Apoiar ditaduras e chamá-las de democracia não é coisa de coração valente; é coisa de coração covarde.
Falta-me agora tempo, fôlego e estômago para continuar a expor a lista dos pontos para os quais devemos atentar caso Dilma seja reeleita. Irei apenas citá-los, apelando à boa vontade do leitor para que pesquise, leia e se informe: 
3 - Assembleia constituinte exclusiva para a reforma política (sempre ornada com uma retórica muito bonita que esconde o real perigo), 
4 -  “Democratização da mídia” ou “controle social da mídia” (leia-se censura seja lá o nome bonito que se dê a isso)
5 - Submissão às diretrizes do Foro de São Paulo como se pode notar por meio da construção de portos em Cuba, do programa mais médicos, da ajuda financeira à Venezuela e da própria tentativa de implementação dos dois decretos já citados, que fazem parte de um plano maior.
Espero que com esse texto eu tenha ao menos conseguido mostrar a legitimidade da minha indignação e do meu posicionamente político, tão despreocupadamete taxado de direitista, elitista e neoliberal.


Um comentário:

  1. Não sei quem ganhará as eleições, logo saberemos. Reconheço que embora possa parecer absurda, mas acredito que a médio prazo isto não fará uma diferença tão substancial. Por que penso assim ?
    Nenhuma pesquisa pode aferir o quanto as pessoas individualmente prezam a liberdade de expressão, a honestidade para com a coisa pública etc. Sei que muitos acham que falar a verdade como regra de vida seja ingenuidade, mas não entendo porque estes mesmos não apreciam quando são enganados, roubados etc. Catarina está preocupada com um bem muito precioso, a liberdade de expressão e de culto entre outras, mas pergunto; quantos estão seriamente preocupados com tais valores? Li recentemente que é muito difícil (não impossível) fingir indignação, os atores sabem disso, porque a mente fica 'confusa' ao ter que dizer coisas que de fato não acreditamos.
    A indignação de Catarina é autêntica mas quantas e quantos ainda conseguem se indignar?
    O relativismo moral cria uma geração de pessoas inertes, incapazes de se indignar porque são incapazes de distinguir o certo do errado. É a velha máxima de que roubar não é errado, errado é deixar ser descoberto.
    Talvez esteja sendo pessimista demais, vamos aguardar mais alguns dias...

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