Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"O Messias de César": para falar mal do cristianismo, teólogo sem-vergonha dos Estados Unidos rouba o 'Relato de Prócula', do escritor brasileiro WJ Solha

O teólogo/historiador norte-americano Joseph Atwill pensa estar surpreendendo e assustando o mundo com a seguinte história: Jesus Cristo foi uma invenção de aristocratas romanos para sossegar os rebeldes judeus e fazê-los pagar impostos a Roma sem reclamar. O mito de um líder judeu pacifista deveria inspirar nos rebeldes o hábito de "dar a outra face". Essa teoria é bastante criativa, e é também um furto descarado por parte desse Joseph sem-vergonha. Ora, falsa ou verdadeira, tal história, de Jesus Cristo como uma invenção para favorecer a 'Pax Romana' - política implantada pelo Imperador Augusto e continuada pelo Imperador Tibério - já foi contada, faz alguns anos, pelo genial artista-intelectual-filósofo-poeta-romancista brasileiro WJ Solha, no romance "Relato de Prócula".

Joseph Atwill, o gringo malandro, divulga sua "descoberta" através de livro, vídeos e palestras que recebem o nome genérico de "O Messias de César", sempre dizendo que tem novas e retumbantes evidências guardadas para mais tarde. Eu estou curioso para ver até onde vai a desfaçatez do sem-vergonha. No que até agora vem sendo divulgado ele não acrescenta nada de substancial à engenhosa história engendrada por Solha, inclusive a indicação de Flávio Josefo como principal artífice do mito do líder judeu pacifista. Deve-se esclarecer, todavia, que Flávio Josefo não foi propriamente um aristocrata romano, mas  um judeu-romanizado de Alexandria, erudito/filósofo de grande envergadura.

A história contada por Atwill, mesmo por ser roubada de fonte que eu já conhecia, não me surpreendeu nem assustou; todavia, surpreendeu-me a sua petulância e o volume de tolices que ele consegue despejar nas suas declarações midiáticas.

O historiador de araque afirma ser "uma questão de tempo até que sua teoria seja aceita". Primeiramente, a teoria não é dele, é de WJ Solha. Depois, são muitas e muito velhas as teorias negando a existência de Cristo ou dizendo que o Cristo verdadeiro não é aquele dos Evangelhos Canônicos. Por engenhosa que seja, a teoria de Solha, furtada por Atwill, não haverá de abalar o mundo mais do que as milhares de outras teorias anti-cristãs. Como se sabe, o cristianismo resistiu até mesmo ao ateísmo marxista, que chegou a dominar metade do mundo. O cristianismo resistiu ao feroz anti-cristianismo nazista, que disputou com o marxismo o domínio do mundo. Por que será então que esse teólogo besta acha que com uma teoria furtada vai destruir o cristianismo?

Vejamos outras petulâncias e bobagens desse teólogo de meia-tigela. Ele diz, segundo está registrado em vários portais (Yahoo Brasil, Galileu, Gospel Prime, etc.):

 "Apresento meu trabalho com muito cuidado, pois não quero atingir os cristãos. Mas isso é importante para nossa cultura, pois os cidadãos precisam saber que governos criam histórias e falsos deuses. Isto é feito para criar uma ordem social contrária aos interesses do povo comum".

Nós outros, cristãos, não somos tão débeis quanto esse babaca pensa que somos. Eu mesmo dispenso suas delicadezas e já li muito ataque ao cristianismo mais duro do que o dele: sem me abalar. Agora, supor que religiões são, principalmente, produto de artimanhas de governos malvados "para criar uma ordem social contrária aos interesses do povo"; isto é uma imbecilidade que abala minha paciência. Vejamos: os Tupis-Guaranis cultuaram Tupã, Jaci e outras divindades: tal culto não teria sido produto de necessidades espirituais desse povo, mas tão somente uma artimanha dos caciques para contrariar os interesses dos "índios comuns"? Os povos africanos cultuaram (e ainda hoje remanesce o culto na Umbanda e Candomblé) várias entidades representativas das forças da natureza (Oxóssi, Yansã, Xangô...): isso nada tem a ver com a simbiose desses povos com a natureza, não expressam imperiosas necessidades psicológicas e sócio-culturais, sendo apenas uma artimanha dos sobas africanos contra os interesses dos "africanos comuns"? A religião hebraica, com efeito, deve parte da sua elaboração e consolidação ao grande estadista que foi Moisés, mas tal religião favoreceu a libertação dos hebreus do jugo do Faraó: em que, precisamente, a religião mosaica desfavoreceu os "hebreus comuns"? Os gregos e romanos antigos tinham deuses para todos os gostos: Zeus (Júpiter), certamente, tinha uma postura bem estatal (e ainda mais sua esposa ciumenta e mandona, a "Dona Encrenca" Juno); mas o que dizer de Hermes (Mercúrio), protetor dos comerciantes, mas também de ladrões? Que interesse teria o Estado em promover um deus protetor de foras-da-lei? E Dionísio (Baco), deus do vinho, da volúpia e da sacanagem? E aqueles faunos e sátiros muito chegados a uma, digamos, licenciosidade?

O teólogo perna-de-pau avança em outra cretinice; diz ele que sua "descoberta pode ajudar aqueles que tenham sido oprimidos pela religião de alguma forma". Ora, aos que foram oprimidos pela religião no passado - no tempo da Inquisição, digamos -, pouca serventia terá esta "descoberta" de Atwill, mesmo porque não foi Cristo quem oprimiu ninguém, mas instituições religiosas corrompidas; e não oprimiram mais do que o fizeram instituições laicas ou declaradamente anticristãs, como o Estado nazista e o Estado bolchevista. Os oprimidos pela religião cristã hoje em dia, o serão, também, por corrupções das Igrejas, e não pelos fundamentos da mensagem cristã. A pedofilia na Igreja Católica, por exemplo, é uma opressão, uma chaga e uma praga que, a meu entender, deve ser debelada a qualquer custo, mesmo porque disse Jesus Cristo: "Aquele que abusar de um desses pequeninos, melhor seria que lhe fosse atada ao pescoço uma pedra de moinho e jogado no fundo do mar" (Lucas 17, 2). Suponhamos aqueles que foram ou são oprimidos pela religião devido ao ateísmo: ora, se já não acreditavam em Jesus antes da "descoberta" de Atwill, de que lhes poderá valer a milésima repetição de que Jesus Cristo não existiu, e que foi inventado por tal ou qual motivo? Mas alerte-se: hoje, a cristandade é mais perseguida do que persegue.

Atwill já está sendo contestado por estudiosos de renome. E não especialmente por causa do anticristianismo, mas por causa da indigência histórico-investigativa. O professor James Crossley aponta o seguinte: segundo Atwill o mito de Cristo teria sido criado por Flávio Josefo (e aristocratas romanos) por paralelismo com o Imperador Tito. Ocorre, mostra Crossley, que Tito nasceu no ano de 39 e morreu em 81 d.C. Ora, já antes de Tito assumir o Império, o cristianismo avançava e era perseguido: São Paulo havia escrito suas cartas e feito suas viagens, Nero havia jogado cristãos aos leões e incendiado Roma. Na linha imperial, a Nero sucedeu Galba, a Galba sucedeu Vitélio, a Vitélio sucedeu Vespasiano, a Vespasiano sucedeu o filho, esse Tito, que antes de ser Imperador apaixonou-se pela princesa judia Berenice; malfadada princesa que, aliás, foi imortalizada na tragédia homônima de Racine. Quer dizer, teatro à parte, pelos cálculos errados do historiador perna-de-pau, o mito fundador do cristianismo teria sido elaborado depois que o cristianismo já se irradiava por todo o Império e era duramente perseguido.

Ainda que troncho, o gringo Atwill vai causar "frisson" durante algum tempo. Depois, e é apenas uma questão de tempo, cairá no esquecimento. Mas terá o seu sucesso: um sucesso roubado do brasileiro WJ Solha.

Vejam, "Relato de Prócula" é um excelente romance. Eu escrevi contestando o discurso anti-cristão do livro de Solha, mas sem deixar de reconhecer seu valor literário.  O teólogo/historiador gringo roubou de Solha apenas a teoria, não teve como roubar-lhe o talento e a genialidade. De todo modo, acho que Solha deve processar o malandro.

20 comentários:

  1. Realmente, é um roubo. Com a palavra, WJ Solha.

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  2. E esse Atwill é teólogo? Acho que ele está mais para atêulogo. Mas o importante é que essas besteiradas contra o cristianismo costumam sempre render alguma grana.

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  3. O Atwill só não estar certo em querer poupar os cristãos, esses merecem mais é serem mesmo jogados aos leões, são tudo um bando de reacionários. Voltaire dizia, com razão, que o mundo só seria feliz no dia em que o último rei fosse enforcado nas tripas do último padre. Marx já ensinou que religião é o ópio do povo. É pra meter o pau nessa cambada supersticiosa, que acredita em papai do céu, papai noel, saci-pererê e comade fulôzinha.

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  4. Solha devia mais era aproveitar a onda e lançar o "Relato de Prócula" nos States. Eu sou professor de inglês e topo fazer a tradução. Vamos ganhar uma nota black. Ribamar Florêncio Fleming.

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  5. Ei, Rocha 100, eu escrevi aí contestando a superstição cristã e todas as outras: saci-pererê, boitatá, curupira, budismo, bramanismo (o único bramanismo bom é o de Bramma Chopp), macumba, espiritismo, mula-sem-cabeça, esoterismo, ciganismo, misticismo, tarô, astrologia, numerologia, outras gias, a metafísica inteira... tudo isso é besteira, a única filosofia científica do mundo é o marxismo-leninismo. Eu tinha esquecido de me assinar: Red Vermelho, o bolchevique, mais radical do que Antônio Radical.

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  6. "[...]mas é preciso que, seja como for, tenha havido um começo. De facto, na origem do cristianismo há o Cristo.. Do ponto de vista em que nos colocamos, e do qual a divindade aparece a todos os homens, pouco importa que o Cristo se chame ou não se chame homem. Não importa sequer que se chame Cristo. Os que chegaram ao ponto de negar a existência de Jesus não impedirão o Sermão da Montanha de figurar no Evangelho, juntamente com outras palavras divinas. Ao autor dar-se-á o nome que se queira, o que não significará, porém, que não tenha havido autor" (Henri Bergson, As duas fontes da moral e da religião)

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  7. Eu também li o romance de Solha. É muito bom. A hipótese do relato de Cláudia Prócula, mulher de Pôncio Pilatos, é interessante. Mas é uma especulação como centenas de outras sobre Jesus Cristo. Na dúvida, prefiro ficar com os Evangelhos Canônicos. Deus esteja! assinado: anônimo de boa vontade.

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  8. Quando da leitura do livro de Solha eu já me coloquei contrária à tese da não existência de Jesus Cristo, ainda que muito bem escrita. Quanta a este americano, nem li e nem pretendo fazê-lo. Gastar os neurônios para pretender negar a existência de uma pessoa que só pregou o bem, a paz, a solidariedade, a justiça, o perdão, é, além de idiotice, um desserviço à humanidade. Para negar a existêncxia de Cristo tem igualmente que negar quem deu testemunho de sua presença, a exemplo de Pedro, Paulo, João... Esses anticristãos precisam urgentemente encontrar uma maneira de ajudar a melhorar o mundo, assim como fez Jesus Cristo. Gelza Carvalho

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  9. Nem Solha nem Atwil... Viva Cristo!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  10. Está ficando excelente o debate neste Blog. Tem alguns comentários que a gente nota que é feito por gozação, mas são engraçados. Outros são importantes, como trazer para cá o pensamento do filósofo judeu/cristão Henri Bergson, um gigante intelectual e moral. Parabéns ao blogueiro, aos leitores e, principalmente, aos comentaristas, que hoje são a alma dos blogs e portais.

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  11. Estou ansioso para ver o que WJ Solha vai dizer de tudo isso. Ou será que o generoso Solha não está nem aí que lhe roubem as ideias?

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  12. Eu sou agnóstico. Não posso provar que Deus existe nem provar que não existe. Mas, como estudioso da história e professor de história, posso afirmar que negar a existência histórica de Jesus Cristo não faz sentido. Jesus pode não ser exatamente como está nos evangelhos canônicos e acho que ele é só filho de Deus, sem ser Deus. Mas que existiu, existiu. E esse Atwill é muito imbecil.

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  13. "A religião é o ópio do povo" - Karl Marx.

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  14. A besteira de Atwill passará, mas as palavras de Jesus Cristo não passarão!

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  15. Prepotencia absoluta do criador desta materia,e opinios descartaveis de quem a apoia a falacia por parte de quem nem al menos leu o livro.

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  16. O besteirol religioso só engana os trouxas,chega dessa palhaçada de salvador,de deuses,de professias,o planeta tem 4,5 bilhões de anos,e naquela época, deus nenhum deu as caras,só depois que o homem inventou o dinheiro e aprendeu a explorar os outros,os deuses apareceram.Muito mais fácil acreditar em papai noel,do que qualquer idiotisse da bíblia.Enquanto isso,os verdadeiros problemas ficam de lado,tanta dor,tanto sofrimento,tudo isso fica num plano secundário porque os idiotas estão preocupados com essa falácia de deus.

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  17. ". O cristianismo resistiu ao feroz anti-cristianismo nazista, ..." Parece que o autor do artigo não sabe muito. Até mesmo não leu o livro do americano. Critica de ouvido.

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  18. É profano esse homem...é o fim dos tempos chegando!

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  19. Deus tenha misericórdia da sua alma!!!

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  20. Observando a verborragia contestativa usada contra Atwill noto um rude desespero de causa, o que me leva à crer piamente que falta argumento plausível para justificar a suposta existências de Jesus, logo parte para a agressão moral e tentativa de desqualificação, velha tática nazista por não mais poder contar com a inquisição.

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