Não seria preciso
pesquisa para se saber que a maioria dos brasileiros quer a redução
da maioridade penal, mas várias pesquisas regionais confirmam o
clamor nacional, dando sempre mais de 90 % (93% em São Paulo) pela
redução de 18 para 16 anos. A população quer isso para se
proteger, para proteger os inocentes da sanha de facínoras que
assaltam, estupram, queimam e matam na certeza da mais completa
impunidade; impunidade de papel passado, saindo com ficha limpa da
custódia do Estado em um ou dois anos ou uns poucos meses, às
vezes, semanas ou dias.
Não obstante o clamor
nacional contra o terror imposto pelos menores delinquentes, o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, veio a público com uma
informação falsa e um juízo torto para justificar o injustificável
e forçar a sociedade a aceitar o inaceitável.
O ministro que deveria
zelar pela segurança, informou que a inimputabilidade penal até aos
18 anos não pode ser modificada por ser cláusula pétrea da
Constituição. Não é (consultei aqui meu exemplar da Constituição
Cidadã, não consta).O ministro desinformou, e concluiu a
desinformação com um juízo estabanado sobre as consequências da
redução da maioridade penal: favoreceria apenas o crime.
Que um ministro da
Justiça demonstre desconhecimento da Constituição e informe
falsamente, é grave, mas o juízo que se seguiu à desinformação é
quase um crime hediondo contra a lógica. Vejam: muitos dos menores
“apreendidos” por estupros e assassinatos são reincidentes em
crimes variados. É claro, evidente e cristalino que se não lhes
houvessem dado a oportunidade de reincidir, muitas vítimas teriam
sido poupadas; o crime teria sido desfavorecido.
Como pode ser, então,
que um ministro da Justiça venha a público dizer tamanha tolice?
Eu explico: é porque ele segue a orientação do “politicamente
correto”.
Por incrível que
pareça, aceitar que bandidos, por serem de menor idade, estuprem,
queimem e matem impunemente é “politicamente correto”. É por
essa mesma doutrina que não se pode dizer que um menor foi “preso”,
o correto é “apreendido”. Aliás, os termos “menor” e “de
menor” são incorretos, como ensina a cartilha Politicamente
Correto e Direitos Humanos (editada pela Secretaria Especial
de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2004), deste
modo: “De Menor – 'de menor' ou 'menor' são expressões
carregadas de forte preconceito e discriminação [...]”.
O “politicamente
correto” tem atuado com vigor na área de segurança, geralmente
preocupado com a segurança e conforto dos bandidos. Na Paraíba, a
tropa de elite da Policia Militar – Batalhão de Operações
Especiais-BOPE – , foi obrigada a se desfazer do seu símbolo: uma
caveira. A resolução, assinada pelo Comandante da PM, Coronel
Euller Chaves, vale para toda a Corporação e vai além da caveira,
como informa o G1 Paraíba (g1.globo.com/pb/): “De acordo com
o texto da resolução, fica proibido o uso em fardamentos,
instalações e viaturas da Polícia Militar de símbolos e
expressões com conteúdo intimidatório ou ameaçador, 'tais como
caveiras ou animais raivosos'”.
Essa resolução
é uma besteira escandalosa, mas é também, evidentemente, nociva à
segurança pública, porquanto uma das funções das PMs é,
precisamente, intimidar a bandidagem. Se, seguindo a lógica do
“politicamente correto”, as polícias não devem usar símbolos
que assustam, muito menos deveriam usar armas que matam (talvez eles
cheguem lá, e será a festa maior da bandidagem).
O Coronel Euller disse
que a resolução seguiu orientação do Conselho Estadual de
Direitos Humanos e é conforme à Politica Nacional de Direitos
Humanos. O Comandante do BOPE, Major Jerônimo Bisneto, protestou:
“Fiz um treinamento específico de seis meses para
conquistar o distintivo da caveira. Faço meu trabalho”.
Perguntado sobre qual poderia
ser o novo símbolo do BOPE, o Major Jerônimo disse que não tinha
ideia.
A
estúpida medida foi levada ao ridículo nas redes
sociais e em programas de televisão. No programa do Danilo Gentili,
na Band, foi dito que mandaram retirar a caveira para não assustar
os bandidos. E foram feitas sugestões para novos símbolos: o
palhaço Bozo, o Senhor Cabeça de Batata e até a Gretchen (a
bandidagem iria adorar a Gretchen). Vocês aí, caros leitores e
leitoras, não querem ajudar com outras sugestões?
Se o “politicamente
correto” fosse apenas estúpido e ridículo, a gente podia rir e
deixar rolar. Mas é tão ridículo quanto perigoso; é o fascismo do
séc. XXI.
Esse fascismo
“politicamente correto”, camuflado pelo discurso das boas
intenções, procura impor seu totalitarismo não por via da
violência explícita, mas pelo patrulhamento ideológico intenso,
permanente e tenaz: controlar a linguagem, depois o comportamento,
até à total submissão da humanidade ao “totalitarismo correto”.
Caro Washington. Excelente seu texto. É tudo o que pensa a maioria da população, cansada de tanta violência praticada pelos "anjinhos" que têm medo de caveira, do desenho, porque gostam é de as caveiras verdadeiras em que transformam suas vítimas.Ideal que você mandasse este texto para a revista Veja ou publicar nas redes sociais. Parabéns. Gustavo Martins
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