Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

"MINHA VINGANÇA SARÁ MALÍGRINA!": durante anos amarguei inveja de Machado de Assis, de Eça de Queirós e de outros gênios da literatura; agora - com ajuda do MEC, do Minc e da Lei Rouanet - vou poder me vingar

Através da Lei Rouanet, a professora Patrícia Secco vai ganhar uma bufunfa do Ministério da Cultura/Minc para adulterar livros de Machado de Assis, de forma que possam ser entendidos pela rapaziada preguiçosa, mas esperta, que aprendeu que não se deve fazer esforço para entender os grandes autores, gente difícil; estes é que devem descer ao nível da mediocridade, ou serem descidos. A rapaziada moderna, sem preconceitos, não mais se submete aos caprichos elitistas de escritores metidos a besta como esse tal de Machado de Assis. É preciso, pois, dispor aos espertos estudantes a obra "simplificada". Depois da cartilha "Nóis péga os peixe", do Ministério da Educação/MEC, que ensina a escrever errado, esta é a mais formidável realização educacional do Brasil do PT. Desde a Revolução Cultural do finado Mao-Tsé-Tung na China comunista, não se via algo capaz de reformar as mentalidades reacionárias de forma tão efetiva. Eu vou tirar proveito: vou me vingar e vou ficar rico. Explico.

Sempre me ruí de inveja dos chamados grandes escritores, inclusive Machado de Assis. Ao rebaixar a genialidade do maior escritor do Brasil ao nível da boçalidade, a professora Patrícia está  me vingando. Todavia, não haverei de me satisfazer com a glória de Patrícia Secco, a Musa da Mediocridade, haverei de construir a minha própria glória e meter a mão na minha própria bufunfa. Vou apresentar projetos ao Minc para, através da Lei Rouanet, receber uma gorda grana e rebaixar a nível de poleiro de pato a obra de todos os autores que invejei. Começarei por Eça de Queirós. Vejam: ainda que carregando na minha alma o pecado da inveja, sou cristão; arrancaria fora um olho para poder ter escrito aquele conto chamado "O Suave Milagre". Agora, conto receber dinheiro público para desfazer o milagre literário de Eça; é melhor do que arrancar um olho.

Escrever bem é difícil, escrever como Machado e como Eça é um milagre. Escrever boçalmente é fácil. Reduzir textos geniais à boçalidade é fácil e divertido. Querem ver? vejam o que consigo fazer com dois excertos de textos sublimes, um de Machado de Assis, retirado do romance "Memórias Póstumas de Brás Cubas", e outro de Eça de Queirós, retirado do referido conto "O Suave Milagre". Primeiro este. Antes aviso que seguirei as dicas da Professora Secco, substituindo todas as palavras de difícil entendimento da rapaziada. Vejam que a sagaz professora achou fora do esforço de compreensão do povão a palavra "sagacidade", trocando-a por "esperteza". O que dizer, então, destes termos esquisitos usados por Eça no trecho que vou simplificar: Rabi, Obed, debalde,  Chorazin, Moab, Septimus, Hebron, ermo, enxerga, rota; ou uma expressão sem sentido como esta: "nossa dor mora" (o povão sabe que a dor não mora, a dor dói). E é preciso recolocar tudo num contexto mais do nosso dia a dia,  mais familiar. Quando necessário, usarei os preciosos ensinamentos da cartilha "Nóis péga os peixe". Vamos lá, o texto de Eça seguido da minha "simplificação". 


"- Oh filho! e como queres que te deixe, e me meta aos caminhos, à procura do Rabi da Galileia? Obed é rico e tem servos, e debalde buscaram Jesus, por areias e colinas, desde Chorazin até ao país de Moab. Septimus é forte, e tem soldados, e debalde correram por Jesus, desde o Hebron até ao mar. Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe e a nossa dor mora conosco, dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que o encontrasse, como convenceria eu o Rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através das cidades até este ermo, para sarar um entrevadinho tão pobre, sobre enxerga tão rota?"




- Ô mô fí! e como tu qué qui te deixe e saia pelos caminhos para procurar o rabino da Galileia? O bedel é rico e tem escravos,  e de  caçarola buscaram Jesus, por areias com minas, desde Chorãozinho até Chororó. Seu time é forte, e tem soldados, e de caçarola foram atrás de Jesus, desde o Bebum até Omar. Como tu qué qui eu te deixe? Jesus tá pra lá de Marrakesh e aqui dentro não tem anador, e tá um calor danado dentro dessas paredes. E se achasse, como convencer o rabino tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, qui nem fazem lá no Brasil pelo Lula, que viesse através do Ministério das Cidades até esse deserto para sarar um aleijadinho tão pobre que não enxerga nem arrota? -


Ficou ruim? então está ótimo. Mas pode ficar pior. Vejam o que consigo fazer com um trecho da introdução do "Brás Cubas" onde o finado usa termos totalmente incompreensíveis,  como "conseguintemente" e "nimiamente" (quem mia é gato e gata no telhado). Vamos lá, o texto de Machado de Assis seguido da minha "simplificação":


"Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro

remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o

que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e
truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário
que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no
outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás
desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo:
se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar,
pago-te com um piparote, e adeus.
Brás Cubas".


- Mas eu ainda espero garanhar as simpatias e vou fazer uma pesquisa de opinião, e o primeiro remédio é fugir pra logo fazer um sexo explícito e longo. O melhor sexo pra logo é o que contém "Contém 1 grama", que é cheirosinho e feito de um jeito no escuro e cutucado. Conseguindo o que tenho em  mente, evito contar o processo extraordinário que lasquei naquela posição que aprendi nas memórias, atrapalhadas cá no ôco do mundo. Seria curioso, mas a gata mia e me deixa tenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: e me agradou muito. Se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, faça pior e pindure no cangote, e adeus.
Brás Cubas, direto de Havana. -


Parece-me que ficou uma excelente porcaria, embora eu esteja ainda treinando e isso seja só um ensaio de ruindade. Ficarei afiado para rebaixar à lama da mediocridade não apenas Machado de Assis e Eça de Queirós, mas tenho também em mira Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e outros romancistas que me fizeram adoecer de inveja (e nem quero falar dos poetas). Vou ficar rico às custas desses pedantes escritores brasileiros que quiseram arrancar os humanos da confortável condição de boçalidade em que o MEC, o Minc e a professora Patrícia Secco os querem manter.

No aprendizado da boçalidade a que me convidam o MEC, o Minc e a professora Patrícia Secco ficarei rico. Todos os escritores citados não perdem por esperar. Pedindo licença a Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, aviso:

"MINHA VINGANÇA SARÁ MALÍGRINA!"





Um comentário:

  1. Essa Patrícia Secco é, por acaso, prima da Débora Secco? Se for bonita e boa como a Débora, ela pode adulterar quem ela quiser, e se quiser me adulterar, acharei ótimo. Zé das Couves e Flores.

    ResponderExcluir