"Não concordo com uma única palavra do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-las".
Sobre o último artigo de Zé Renato que publiquei, como resposta a uma mensagem desse tipo que lhe enviei, meu amigo me respondeu com duas outras que me deixaram bem contente. Tais mensagens aí estão, no fim deste post. Verão vocês que tenho motivos para me alegrar. No post anterior havia falado exatamente sobre a possibilidade de que amizade valesse mais do que discordâncias político-ideológicas. Tendo sido eu marxista, bolchevista e petista, tenho vários amigos e amigas nesse campo. Hoje, abomino o marxismo, o bolchevismo e o lulo-petismo. Todavia, a amizade que nutri pelos velhos companheiros e inesquecíveis companheiras continua a mesma. Essa é uma das muitas vantagens da democracia: a tolerância, a convivência entre pessoas de ideias contrárias. Vejam que no totalitarismo (tanto o totalitarismo bolchevista quanto o totalitarismo nazi-fascista) tais discordâncias são, usualmente, resolvidas com o extermínio de uma das partes. Stálin, por exemplo, matou todos os seus velhos companheiros do comando bolchevista (não matou Lênin porque Lênin se apressou em morrer). Na China, os velhos companheiros do Presidente Mao assassinaram a mulher do velho companheiro. E ainda agora, dia desses, o bolchevista Kim Jung-Un, ditador no regime marxista-leninista da Coréia do Norte, segundo informação do jornal chinês "Wen Wei Po", jogou o próprio tio numa jaula para ser devorado por 120 cães ferozes e famintos (velozes e furiosos, também se pode dizer).
Mas quero avisar aos velhos companheiro e inolvidáveis companheiras que continuo me reclamando da esquerda. Esquerda democrática e liberal (mesmo porque sem liberalismo não existe democracia). Esquerda democrática e festiva, claro. Quando eu era bolchevista, meus companheiros mais sisudos me acusavam de ser um porra-louca, esquerda festiva. Agora que passei a abominar todo tipo de totalitarismo (antes abominava apenas o totalitarismo nazifascista e achava o totalitarismo comunista uma beleza) tenho melhores motivos para querer que a esquerda seja festiva. Não sou da esquerda caviar porque não tenho dinheiro para comprar caviar. Para mim, cerveja com siri e amendoim já está de bom agrado. Aliás, acho que quem é de direita é esse pessoal que defende ditaduras, inclusive a ditadura do proletariado. Essa, diga-se, é a mais safada de todas as ditaduras, porque, além de não prestar, é mentirosa, propaganda enganosa: nunca existiu nem tem como existir ditadura do proletariado. É preciso ser muito cretino para elaborar tamanha charlatanice (e essa não foi a única charlatanice elaborada por Marx e Engels) e ainda mais cretino para acreditar.
Voltemos à amizade. Em dezembro passado, tentei combinar com Zé Renato e outro amigo dos tempos do velho PT (Francisco Costa de Araújo, o famoso Chico Gato), ambos morando distante da nossa amada Felipéia de Nossa Senhora das Neves, um encontro aqui na Praia do Bessa, no Restaurante do Arruda, que é militante do PSOL. Não deu certo. Seria um encontro nostálgico no qual tentaríamos reunir toda a esquerda bolchevista e festiva dos tempos de antanho: dos anos de chumbo, da campanha da Anistia, da fundação do PT. Beberíamos cerveja e ouviríamos músicas antigas: "Soy Loco Por Ti América", "Caminhando e Cantando", "Junto À Fogueirinha de Papel", "Comandante Che Guevara", "A Internacional Comunista",... Para matar saudades, eu não me incomodaria em voltar a ser bolchevista por um dia (e uma noite, claro).
Não deu certo. Mas a ideia, pelo menos para mim, não morreu. Meus velhos e muito caros amigos Zé Renato e Chico Gato, se e quando vocês novamente vierem a Jampa Capital, poderemos retomar o plano nostálgico. Ajudem-me a compor a lista de convidados. Não poderá deixar de ser lembrado nenhum velho camarada bolchevique, nenhuma antiga companheira de lutas.
VIVA A LIBERDADE! VIVA A SAUDADE! VIVA A AMIZADE!
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Ei, Rocha 100, eu nem te conheço, nem conheço o Renato nem o tal do Chico Gato. Mas gostei dessa conversa de esquerda festiva, esculhambação é comigo mesmo. Quero ir nessa festa. Desde que a cerveja seja de graça, já me me declaro esquerdista, petista, bolchevista e comunista. Viva Fidel Castro!
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