Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O Papa Francisco, o marxismo e um artigo magistral do filósofo Denis Rosenfield (modificado e corrigido)

O Papa Francisco criticou o capitalismo. Não é novidade, outros papas também criticaram, todo mundo critica o capitalismo. Uns conservadores norte-americanos exageraram na condenação ao Papa Francisco e o acusaram de ser marxista. Eis que a resposta do Papa causou ainda maior rebuliço. Ei-la:

"A ideologia marxista é errada, mas na minha vida conheci muitos marxistas que eram boas pessoas, por isso não me sinto ofendido".

No Brasil, a turma da esquerda marxista fez a festa com a critica ao capitalismo e também com a declaração de amizade de Francisco aos bons marxistas. Quanto ao fato de o marxismo ser declarado como um erro, isso foi deixado de lado. Já eu considero que isso é o mais importante: o marxismo é um erro.

O marxismo é o mais desgraçado dos erros que a inteligência humana produziu, um erro que durante algum tempo conduziu metade da humanidade de volta à servidão, um erro que construiu estados totalitários especializados em falsificar, mentir, perseguir, prender, torturar e assassinar. Os assassinatos dos regimes marxistas foram realizados em escala monumental: 20 milhões na União Soviética, 70 milhões na China Comunista (arredondando em números conservadores). No Cambodja, o regime marxista do Khmer Vermelho exterminou cerca de 7 milhões de pessoas, um terço da população. O regime de servidão inaugurado pelos marxistas na Rússia, em 1917, constituiu-se em império e dominou meio-mundo por pouco mais de meio século. Aí, apodreceu e desmoronou em quase todo o mundo. Desgraçadamente, subsiste ainda em países como a Coréia do Norte, com sua sórdida tirania de marxistas hereditários.  E em Cuba, numa tirania que passa de irmão para irmão. Na China vige uma tirania marxista de partido único sustentada por um regime econômico de capitalismo-selvagem.

O marxismo é um erro, todavia o Papa Francisco tem também razão quando afirma que existem marxistas que são boas pessoas. Eu mesmo conheço vários, tanto no plano histórico quanto no plano das minhas relações pessoais. Marxistas históricos eu até admiro alguns, especialmente aqueles que foram críticos duros da mais abominável forma de marxismo, que é o bolchevismo. Minha querida Rosa de Luxemburgo, por exemplo, ainda nos albores da revolução de 1917, gritou a verdade sobre a "ditadura do proletariado" imposta na Rússia pelo tirano Lênin e seus sequazes: "É uma ditadura sobre o proletariado". Também admiro o marxista Otto Rühle, que lutou na resistência ao nazismo na Alemanha e escreveu o libelo "A luta contra o fascismo começa com a luta contra o bolchevismo", onde demonstra que bolchevismo, fascismo e nazismo é tudo uma família só, sendo o bolchevismo o pai. E, antes da Rosa e do Otto, o grande marxista Eduard Bernstein, que, na virada do séc. XIX para o séc. XX, revisou o marxismo e logrou trazer parte significativa do  movimento socialista internacional para o leito da democracia, na forma da social-democracia.

Quanto aos marxistas meus amigos, já por serem meus amigos, merecem minha admiração e afeto; só peço que, se lerem esse texto, não me queiram mal. A amizade, pelo menos para mim, é um valor maior que qualquer ideologia.

Voltemos às críticas do Papa Francisco ao capitalismo. Foram críticas genéricas. Ele está coberto de razão, e eu não conheço um único cristão que não faça críticas genéricas ao capitalismo. Eu mesmo, que vivo em um país capitalista, pra onde olho vejo coisa errada. Se olhar para o mundo capitalista globalizado, também vejo muita coisa errada e critico, como o Papa Francisco vê e critica. Se, todavia, a crítica ao capitalismo é salutar, a crítica da esquerda marxista ao capitalismo por comparação ao socialismo/comunismo é mistificadora, um embuste rasteiro. E aqui chego ao referido artigo de Denis Rosenfield. Um artigo magistral, não porque revele alguma novidade, mas porque dito com argúcia e precisão irresistíveis. Intitula-se "O embuste ideológico", foi publicado em O Globo (30/12/2013) e reproduzido em vários sites e blogs. Aconselho a leitura, já transcrevendo aqui dois trechos:

"Não há sequer uma experiência histórica de compatibilização entre socialismo/comunismo e democracia".

Essa é uma velha constatação que precisa ser sempre repetida. Com a expressão "socialismo/comunismo", Rosenfield, certamente, refere-se ao socialismo marxista. O chamado socialismo-democrático praticado há décadas em vários países europeus é, na verdade, um capitalismo avançado. O marxismo, repita-se, provou-se incompatível com a democracia não apenas quando colocado em prática; mas tal incompatibilidade é mesmo doutrinária. Pela letra da doutrina, tal como expressa por Marx e Engels, a "ditadura revolucionária do proletariado" é o único caminho que abre as portas do paraíso. Revisionistas como Eduard Bernstein e Karl Kautsky rejeitaram essa chave de violência e opressão, e por isso foram chamados pelo marxistas ortodoxos de "renegados" (com razão, do ponto de vista da ortodoxia marxista, diga-se). É importante repetir essa obviedade da incompatibilidade entre marxismo e democracia porque hoje o pau que mais tem no Brasil é marxista envolto em capa de democrata. Quem quiser ser democrata que abandone o marxismo: acender uma vela para Deus e outra para o diabo é pecado.

Vamos ao trecho em que Rosenfield desmascara o embuste da crítica comparativa:


"O embuste consiste no seguinte: o capitalismo não é comparado ao socialismo. Se isso fosse feito, a comparação, por exemplo, deveria ser entre a Alemanha capitalista e a socialista, ou ainda, entre a Coréia capitalista e a socialista. Os termos da comparação teriam parâmetros que serviriam de critério para qualquer avaliação. A comparação é de outro tipo. Compara-se o capitalismo real, existente, com a ideia de socialismo forjada por aqueles que lhe atribuem todas as perfeições. Ou seja, atribui-se ao socialismo todas as perfeições e, de posse destes atributos, passa-se a verificar se eles 'existem' no capitalismo".    

Jesus Cristo, sabe o Papa Francisco e sabemos todos nós, pregou o Paraíso Celeste; já mesmo por saber da impossibilidade do paraíso na terra. Está em João 16, 33: "No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo".

Karl Marx - que não acreditava em Jesus Cristo, nem em Deus, nem no Céu - profetizou o paraíso terrestre. Uma beleza de paraíso. Mas, pelo método usado para produzir o paraíso terrestre, os marxistas foram reproduzindo na terra o inferno.

O capitalismo não pode ser comparado a nenhum paraíso e nunca chegará a ser um paraíso, mas sempre pode ser melhorado. Os extintos regimes marxistas se provaram tão ruins que será difícil até mesmo imaginar como poderiam ter sido piorados. Já os regimes marxistas subsistentes que vêm tentando melhorar, o fazem por aplicação de doses maiores ou menores de, vejam só..., capitalismo.


2 comentários:

  1. O marxismo é uma utopia. Na prática, uma distopia. Quer dizer: entrou pelo buraco da pia. kkkkkkkkk

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  2. Nenhum regime político presta. Capitalismo, socialismo, comunismo, fascismo, nazismo e democracia é tudo a mesma porcaria. VIVA A ANARQUIA!

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