O Dicionário Houaiss e a inquisição "politicamente correta"

Está no Portal Terra. O Ministério Público Federal, em Goiânia, entrou com ação contra a Editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss "para imediata retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição do Dicionário Houaiss". Isso porque no verbete "cigano" constam conotações pejorativas do termo. Quem promoveu a ação foi o procurador Cléber Eustáquio Neves. Não é possível que tal cretinice prospere, mas o fato de um Procurador do MPF arriscar-se a tal truculência já assusta. O "politicamente correto" já tentou excluir Monteiro Lobato das escolas, já tentou ensinar "nóis a pegá os peixe", já tentou rebatizar anão de "verticalmente prejudicado" (eu, se fosse anão, dava um cacete). Agora pretende não apenas censurar, mas abolir os dicionários. Com efeito, se a ação do preclaro Procurador prosperar e for acatada em última instância, fazendo jurisprudência, de forma que todos os dicionários sejam submetidos à tutela "politicamente correta", não sobrará um único em circulação, irão todos para a fogueira. Todavia, ao pobres dicionários, restará um consolo: será proibida o uso da expressão pejorativa "pai dos burros"; quem a pronunciar será igualmente torrado na fogueira da inquisição "politicamente correta".
Já disse e reafirmo: se a "ditadura politicamente correta" for implantada no Brasil, mudo-me para a Coréia do Norte; para viver sob o jugo da "Ditadura do Proletariado", que é mais suave.