Blog Rocha 100

No princípio, criou Deus os céus e a Terra”. Ótima frase para um Blog que navegará 100 fronteiras: dos céus metafísicos à “rude matéria” terrestre. “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Pois, somos também deuses, e criadores. Podemos, principalmente, criar a nossa própria vida, com autonomia: isto se chama Liberdade. Vida e Liberdade são de Deus. Mas, quem é “Deus”? Devotos hebreus muito antigos, referiam-se a Ele apenas por perífrases de perífrases. Para Anselmo de Bec, Ele é “O Ser do qual não se pode pensar nada maior”. Rudolf Otto, diante da dificuldade de conceituá-Lo, o fez precisamente por essa dificuldade; chamou-O “das Ganz Andere” (o Totalmente Outro). Há um sem número de conceitos de Deus. Porém, o que mais soube ao meu coração foi este: “O bem que sentimos intimamente, que intuímos e que nos faz sofrer toda vez que nos afastamos dele”. É de uma jovem filósofa: Catarina Rochamonte.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Catarina Rochamonte inaugura nova coluna com um oportuno e esplêndido texto sobre o conflito árabe-israelense

Caros e caríssimas, faz tempo que não atualizo este Blog ROCHA 100. É que ando extremamente atarefado com a produção (edição e viabilização comercial) da nona edição da ROCHA 100 - Revista 100 Fronteiras. Prometo voltar a atualizar o Blog regularmente muito em breve. Por enquanto, quero saudar a nova coluna de Catarina Rochamonte, inaugurada no Portal 100 Fronteiras (portal100fronteiras.com.br) com um oportuno e esplêndido texto sobre o conflito árabe-israelense. Vocês podem ir à referida coluna e clicar, mas eu o reproduzo aqui:


Unificação Solidária - a paz possível entre Israel e Palestina





Um lugar comum na política internacional é sustentar um limite de coexistência insustentável. O lugar adequado de uma nação é o coração de um povo em liberdade e o povo leal é aquele por onde transita a ordem menos selvagem e menos bárbara. O Oriente médio se configura como um espaço de guerra contínuo e a tensão explode a qualquer momento. Não há como reconduzir um povo à paz sem que a melhor lei e a melhor coordenação se estabeleça. Não é provável que a paz se instaure enquanto houver domínio de uma insana petulância daqueles que postergam o desenvolvimento de direitos válidos universalmente e se constituem como entraves para a consolidação de um patrimônio humano sob a forma de leis. Negar a um povo a civilização e a democracia é negar a própria história e o seu desenvolvimento. O lento e desesperador conflito que agora se destaca na mídia não é outra coisa que o resultado acumulado por uma parte que se desloca das leis e outra parte que é sufocada por elas. Todos têm direito à paz, mas todos têm também direito à defesa daquilo que sustentam em seu íntimo como justiça. Políticas e posicionamentos bélicos não revitalizam o coração de um povo, mas quanto mais se postergar a inclusão de uma parte da história na própria evolução histórica, mais se possibilitará eclosões bárbaras e anti-democráticas como se costuma ver nos ataques terroristas. Nosso posicionamento é o da democracia universal e não o da guerra. Porém, a guerra que ora se apresenta no contexto da Palestina é a guerra de uma infinda e ineliminável tensão. Não adianta consorciar com quem não pensa e não há como negociar com quem não vê. Quem se compraz em mistificar a si mesmo e em fazer-se porta-voz da divindade através de terrores absurdos não haverá de compreender ou respeitar um acordo de paz. Lutemos sim pela paz, mas não nos deixemos cativar por posições em si mesma desprovidas de fundamento por abrigar uma deficiência de conhecimento do percurso histórico percorrido pela nossa civilização. O Oriente haverá de encontrar a paz quando seus habitantes encontrarem o amor. Nada do que se dá entre os homens pode fomentar a paz sem que a própria espiritualidade desperte. Por espiritualidade entendemos a comum anuência a uma porção nobre dentre os valores cristãos e a uma pequena parcela de resposta às indagações contundentes que nos afligem o coração. Espiritualidade é sentimento, é sabedoria, é amor. O maior desafio da nossa história atual é conduzir os povos a uma melhoria dessas condições; é albergar um novo começo em novos corações, desafiando assim aqueles cuja intolerância conduziu ao fracasso todas as tentativas de solução desse conflito que se configura hoje como uma real ameaça aos sonhos de paz. Trocar a ousadia desprovida de senso de justiça e de humanitarismo pela real e concreta firmeza na elaboração de leis e de possibilidades de convívio igualitário entre os povos é o desafio que nos devemos propor. Os porta-vozes das nações permanecerão em seus próprios dilemas e entregarão todas as chances de negociação caso não encontrem em si mesmo a fonte íntima de suas próprias contradições. Sustentemos a paz através da instância régia democrática e asseguremos que o desejo de todos aqueles que se precipitaram não haverá de ser suficiente para arrefecer o critério novo de unificação solidária.